sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Zipi

Olhando meu ex-marido saindo depois de uma breve e amigável visita, tive certeza de que ele é muito melhor que Zipi, infinitamente melhor, porém, eu e Zipi não fomos, não somos e nunca seremos casados.

Zipi ligou agitado no meu celular, dizendo que estava vindo do trabalho (braçal), suado e cansado, e como passava quase em frente à minha casa resolveu dar uma parada. Respondi fingindo estar muito ocupada, assustada com a surpresa, quase indignada, afinal, de forma alguma eu abriria o portão, não queria vê-lo suado e cansado, ele que fosse primeiro para casa se recompor, tomar um banho, pôr uma linda camisa branca, e depois voltasse. Não olhei nem pela janela.

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Enquete

Pessoal,

tenho uma pergunta importante a fazer: vocês sempre postam comentários anônimos porque querem permanecer anônimas ou trata-se de algum problema de configuração ?

domingo, 26 de dezembro de 2010

desequilíbrio emocional

Meu conto de Natal é uma frase. (Como um conto pode ser uma frase sem ter sido ainda um mini-conto ou mesmo um parágrafo?) Apenas uma cena que achei comovente, porque sou uma separada trouxa maníaco-sonhadora e um pouco covarde.
No caixa do Wal Mart vi uma família grande e muito simples na fila, atrás de mim, com seis garrafas de refrigerante Dolly e um bolo confeitadíssimo, cheio de flores e folhas coloridas emoldurando a frase escrita com letras rococó: "Feliz Natal!". (Acho que era essa, ou talvez "Feliz aniversário!" Não li até fim...) O pai olhava todo orgulhoso para o bolo enquanto tirava um mação de notas trocadas do bolso para pagar a conta. É só isso, só uma cena.

Sem dinheiro para pagar uma boa terapia

Sou uma separada trouxa, trouxa porque não antevi a barca furada na qual estava entrando, e isso era muito óbvio, as pessoas não mudam milagrosamente, e as esquisitices tão atraentes tendem a virar monstruosidades com a convivência.
Isso é também uma confissão, já que nos últimos dias de "casamento" eu nem conseguia mais me olhar no espelho, sentir meu próprio perfume, me escutar desabafando com os amigos.
(Coitados...)
Além disso, achei que seria lindo vivermos juntos: "papai, mamãe e filhinhos", mas as antigas expectativas e sonhos não desaparecem como se fosse mágica só porque você acha que está segura de suas escolhas... e olhando a "trouxisse" de uma separada por esse viés, continuo uma separada trouxa, cada vez mais trouxa.
Comecei escrevendo isso porque fico tentando achar uma categoria para esse tipo de separada, que depois de fugir da casa do ex-marido, fica em um tipo de transe que é como a potencialização retrógrada de sua vida antes do casamento, tentando descobrir alguma coisa que ela não sabe o que é. Uma busca fantasma que fica entre sonhos cada vez mais volumosos e sua vida boba, agitada e desorganizada.
Isso deve acontecer com algumas separadas em certo momento, mas o fato é que depois de alguns anos ainda estou aqui, presa nesse pontinho irritante.
Talvez seja uma separada trouxa maníaco-sonhadora e um pouco covarde, que carrega em sua bolsa cadernos de desenhos, de anotações, pedras coloridas, canetas, pincéis, guache branco, flores secas, sementes e muitos lixinhos e está sempre quase sendo atropelada na rua, recolhendo amostras do mundo para desdobrá-las quase em segredo.

sábado, 25 de dezembro de 2010

Um Conto de Natal 3/3

Durante todo o trajeto, A repousou a cabeça no colo de B. Entramos no vilarejo receosos, pois não sabíamos que fim havia levado o troglodita depois de ter sido espancado. Levamos A para nossa casa, e fomos chamar seu padrasto. Enquanto isso, o destemido B avistou o agressor no bar da família de A. Como faria qualquer espírito nobre e trouxa, chamou a polícia. O padrasto de A escoltou-a até o bar, onde se encontraria com seu agressor para conversar.

SUSPENSE. O que você, leitora, acha que aconteceu ?

Na manhã seguinte, A telefonou para contar o desfecho da história a minha boa e inocente madrasta. Segundo ela, o pobre jovem troglodita não se lembrava de nada do que tinha acontecido. Como mencionei antes, tratava-se de um rapaz de boa índole, que inclusive auxiliara o filho de A a livrar-se do pesadelo das drogas. Minha madrasta explicou que seria conveniente procurarem um psiquiatra, já que tais ausências poderiam denotar, por exemplo, uma psicose. A respondeu: "sabe, acho que vamos ficar juntos. Gosto tanto dele, e ele de mim. Tudo vai ficar bem."

Que bom que o espírito natalino abençoou este casal, não é mesmo ? Depois tem gente que não acredita em papai Noel.

PS: a polícia nunca chegou, ainda bem. B deve estar chutando latas pela praia. Não se preocupe, alma nobre, a estrela de Belém deve estar te reservando alguma boa surpresa !

MORAL DA HISTÓRIA: o amor tem razões que a própria razão desconhece, mas que A e Suzana Vieira conhecem muito bem.

Um Conto de Natal 2/3

Depois das três horas passadas no hospital, A decidiu que daria queixa na polícia. Meu pai, homem vivido e experiente, perguntou tranquilo: tem certeza ? Ao que ela respondeu bradando "sim, claro que sim, eu não poderia passar nem mais um minuto ao lado desse animal". Ísis e B engrossaram o coro, fazendo discursos sobre a injustiça e a covardia, e meu pai dirigiu o carro complacentemente até a delegacia da mulher. B entrou na delega de mãos dadas com A, havia um clima de romance e cumplicidade no ar. A disse: "se não fosse você acho que estaria morta". B respondeu: "Tenho certeza disso." Uma hora e meia depois o depoimento de A estava pronto, mas o sistema caiu e tudo teve que ser refeito. Enquanto transportamos A para fazer o exame de corpo delito no IML, B dava seu valente testemunho na delega, ressaltando as duas paradas cardíacas sofridas por A e sua habilidade nos procedimentos de ressurreição.

A estas alturas o remédio já fazia efeito, e A fumava feito uma chaminé, muito nervosa. De meu celular, telefonou para a mãe do agressor e informou: "seu filho tentou me matar. Dei queixa na polícia. Ele vai ser preso". Esta senhora deve ter tido um belo Natal, não é mesmo ?

Depois de seis horas de procedimentos, entramos todos no carro e retornamos ao vilarejo.

(continua, ainda...)

Um Conto de Natal

Apesar de hoje ser dia 25, superarei as dificuldades de escrever no telefone para compartilhar uma história que encheu de ternura o meu coração endurecido.

Sempre passo as Festas numa pequena vila de pescadores, que me lembra a série Twin Peaks (se você tem menos de trinta pesquise no gúgol). Às cinco da manhã do dia 24 fui despertada por uma algazarra: gritos de socorro de um homem que estava sendo espancado por três jovens pescadores bêbados. Como não tolero violência, vesti meu saiote de Poderosa Ísis, acordei meu pai e obriguei-o a ir até a praia ver o que estava acontecendo. Os três jovens bêbados explicaram que o espancado havia fugido, e que estava apanhando pois tentara assassinar a namorada (doravante denominada A) com suas próprias mãos. Minutos depois, A foi trazida por seu salvador (doravante denominado B), que encontrou-a desacordada e ferida. Ressuscitou-a com massagens cardíacas e respiração boca a boca.

Ísis e seu pai, que também é trouxa como ela, levaram A e B ao hospital da cidade mais próxima. Três horas depois, A saiu com onze pontos numa orelha, oito na outra e seis na bochecha. O agressor tentara arrancar estes pedaços da face de A com seus próprios dentes, e estrangulou-a até que ela desmaiasse. O rapaz de 25 anos, aparentemente de boa índole, havia ingerido quantidades excessivas de Caninha Pitu por ciúmes de A em relação a B.

Faço agora uma pequena pausa para descrever os personagens:

A - a típica cinqüentona problemática, outrora bonita, agora maltratada pelos excessos da vida, só se mete em encrenca, tem dois filhos (um drogado e um superdotado), não tem profissão, forever young, ligeiramente ninfomaníaca, filha dos donos do bar menos decadente do vilarejo.

O agressor - 25 anos, uma montanha de músculos, sem profissão, sensível ao álcool e a mulheres-problema.

B - engenheiro químico, bem intencionado, com noções de primeiros socorros, desprovido de beleza e trouxa.

(to be continued...)

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Origens de Tráfego

É muito divertido visualizar no blogger os caminhos que nossas leitoras percorrem para chegar até nós.

Alguém chegou ao nosso link escrevendo no gúgol a seguinte frase:

meu marido tem disfunçao eretil vou abandona lo

Compreensível, minha amiga, compreensível. Mas antes vocês podiam tentar um urologista e um terapeuta de casal. Porque talvez ele tenha outras qualidades, não é mesmo ???

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Boas Festas

A Separada Trouxa com Filhos se desgasta muito quando decide viajar em véspera de feriado. Como ela não tem carro - o que tinha ficou com o ex-marido, que também já não o tem porque deu perda total numa derrapagem -, viaja mesmo de ônibus. Ela trabalha incansavelmente para pagar contas, e não dá tempo de organizar a viagem comme il faut. Faz as malas uma hora antes de partir, momento em que constata que todas as roupas estão sujas, que a sunga do filho está rasgada na bunda, que acabou o protetor solar, que usa o mesmo biquíni há quatro verões. Vai jogando desesperada tudo na mala, sem discernimento e na certeza de ter esquecido algo. Deixa comida para o animal doméstico, tira o lixo, arruma as camas e reza para que a calha esteja MESMO limpa. Ruma para a Rodoviária carregando mala, bolsa, mochila, o filho e seu urso gigante. A rodoviária está lotada, faltam dez minutos, compra o lanche pra viagem, o celular toca, ela atende e fala enquanto vai ao banheiro, empurra a mala e grita NÃOENCOSTEEMNADAMEUFILHOTATUDOIMUNDO, faz xixi de pé ainda falando ao telefone sobre as escolhas da Dilma para o Ministério, sai do banheiro empurrando mala filho urso mochila casaco, desce para a plataforma, preenche a passagem de pé, entra no ônibus e pensa: Sou a Poderosa Ísis. Droga, esqueci de comprar água.

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

A Separada Amiga

Hoje almoçarei com o meu santo ex-marido, pois não nos veremos até o início do ano que vem. Prevejo que, como sempre, será um encontro afetuoso, alegre, repleto de histórias da vida de um e de outro. Sim, sou uma sortuda por fazer parte dessa raríssima categoria das separadas:

A Separada Amiga não conseguiu verdadeiramente livrar-se do marido. Eles continuam a falar-se por telefone, trocar emails ou sair para almoçar aos domingos. Como o círculo de amigos não se dividiu, eles ainda freqüentam as mesmas festas e raramente passam muito tempo distantes dos olhos do outro. Os separados amigos são vistos como exemplos civilizatórios a serem seguidos por todos os que os cercam. Freqüentemente frutos de uma dissolução consensual que passou por DRs racionais e ponderadas, os separados amigos sabem por que se separaram, conservam o afeto pelo ex-parceiro e acham impensável cortar os laços com alguém que ocupou papel tão importante em suas vidas.

Tão logo o separado arranje nova eleita, a Separada Amiga fará uma análise da moça despida de qualquer sentimento possessivo e incentivará como puder a nova relação. Afinal, o que importa é a felicidade do ex-parceiro.

Acreditem, belas: Isso não é nenhum conto da carochinha. A amizade pós-casamento é possível, saudável e desejável!

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Autoestima invejável



Gata, larga desse traste!

Só Glamúr

Queridas amigas, queridas leitoras.

Quando dá um branco de assunto, sempre vou espionar o blógui de nossa querida Katylene, que é uma pessoa muito informada.

Qual não foi meu deleite ao descobrir esta magnífica postagem:

http://katylene.mtv.uol.com.br/2010/12/14/veeceeo-do-dya

Clicaram lá pra ouvir as baladas ? Gostaram da surpresa ? Suzi não pára de nos dar exemplos de superação, mostrando que a vida pode ser cheia de brilho para uma Separada Madura.

E como tenho espírito investigativo aguçado, conquistado à base de inúmeras leituras de romance policial, descobri EM PRIMEIRA MÃO o estúdio responsável por esse sucesso.:

http://www.studiomel.com/120.html

Agora que você já sabe o caminho das pedras, basta escolher o repertório que mais combina com seu estilo e começar a ensaiar. Lembre-se do ensinamento de Suzi: a velhice nunca chega para uma estrela.

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Diferenças

Recebi este vídeo do meu adorável ex-marido. É longo, mas achei por bem compartilhar.

domingo, 12 de dezembro de 2010

A separada e o lar

Você alugou uma casinha simpática num bairro charmoso. É claro que ela é meio velha, porque se fosse nova você não teria como pagar. Chega a época das chuvas fortes, e uma bela noite você está deitada na cama quando começa um dilúvio. O barulho está forte demais, então você levanta e atravessa o corredor. Perplexa, vê que chove a cântaros dentro da cozinha. A voz da antiga inquilina soa distante na sua cabeça: "só não esqueça de limpar a calha!". Você pega um rodo e começa a batalha contra a inundação. Está ficando ensopada, e começa a rir descontroladamente. Apela pra reza braba, e continua empurrando a água para o quintal. Nessa hora, você chega a lamentar não ter um homem com mais de 1m10 dentro de casa. Uns 20 minutos depois, que parecem ter sido duas horas, a chuva diminui. Você venceu: os móveis não estão boiando na enxurrada. A sensação de poder te domina, afinal uma Separada pode tudo, até mesmo enfrentar sozinha os elementos da natureza. Você toma um banho, vem escrever no blog, está feliz, mas A CHUVA AUMENTA DE NOVO. VOCÊ FICA TEMÇA. CADA VEZ MAIS TEMÇA. Pensa que não poderá dormir, pensa pra quem vai ligar amanhã, alguém que possa limpar a maldita calha. MEU DEUS, E SE NÃO FOR SÓ A CALHA ? E SE EU PRECISAR TROCAR TODO O TELHADO ?? E SE TIVER UM CURTO CIRCUITO ??? POR QUE FOI MESMO QUE EU ME SEPAREI ???????? 

sábado, 11 de dezembro de 2010

O ex-marido otário

Queridas amigas S,

nesta chuvosa noite de sábado, convido-as mais uma vez à mesa de dissecação. Debrucemo-nos com nossos bisturis em punho sobre um espécime do EMO (ex-marido otário), cuja sigla não por acaso coincide com a da tribo dos adolescentes chorosos e frágeis.

Numa análise mais superficial, o EMO poderia ser entendido como a versão masculina da Separada Trouxa. Mas assim que começamos a atravessar o tecido epitelial, percebemos as sutilezas que os diferenciam. O sangue de barata do EMO não é característico da Separada Trouxa, já que muito dificilmente uma Separada de qualquer categoria tem sangue de barata. O EMO, ao contrário, era otário desde a infância. Dava seu lanche pra primeira bonitinha que o tratasse com alguma simpatia, e assistia quando ela se mandava devorando o sanduiche e rindo com as amiguinhas.

Não precisamos nem dizer que as piriguetes têm uma especial predileção por esta categoria. Não nos cabe aqui especular se o EMO tem ou não consciência de sua condição, e nem se sofre com isso. Ele nasceu para ser abusado pelas mulheres, para lhes satisfazer os caprichos mais inadmissíveis. E é justamente por isso que ele nunca escolhe uma mulher boazinha, mas sim uma chantagista dominadora que potencialize sua esplendorosa natureza de inseto.

Quando traido, o EMO faz de tudo para não perceber. Se a mulher esfrega-lhe a traição na cara, ele perdoa. Se a traição se repete, ele perdoa novamente e atribui o fato a sua provável disfunção erétil. O EMO é profundamente infeliz se não tiver dinheiro, pois comprar presentes caros para sua mulher é sua principal realização. Se a mulher for bonita, ele se sente agradecido por poder desfilar com ela na festa anual da firma. Se o dinheiro acabar, ele chora escondido no chuveiro, e permanece calado quando sua mulher vocifera que aquilo não é vida.

Depois da separação, o EMO passa alguns anos morando em um barraco para pagar as dívidas que contraiu durante o casamento. Se a mulher quiser voltar, ele vem correndo. Se ela desistir mais uma vez, ele compreende. Se ela se casar com outro, ele deseja boa sorte. Se o outro a maltratar, ele a consola.

A pior condenação para um EMO é a liberdade da separação.

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Ho Ho Ho

Eu sei que é pecado. E sei que o vídeo é velho. Mas vocês sabem que eu amo o Natal ...

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Você encontrará o homem dos seus sonhos - parte 3/3

Para finalizar este estudo antropológico, analisaremos o triângulo:
separada abandonada - homem em crise - piriguete nível 5.

Mas, antes que todas comecem a atirar pedras no homem em crise, aquele que causou o infortúnio da colega Separada Abandonada, eu tenho que lhes confessar algo: eu já fui esse homem.

Metaforicamente, claro.

Mas, sim, já fui a parte insatisfeita do casal, a parte que precisava de EMOÇÃO e NOVIDADE (ah, esqueci de avisar que este post também terá muitos spoilers e capislóques. Désolée.) Na verdade, vocês podem notar nos meus posts sobre meu ex-marido (tag: categorias dos ex-maridos/ post: o romantismo e o meu ex-marido) que ele não me dava muito espaço para SONHAR.

Ahã. Essa sou eu. Eu poderia ser mais ridícula? Não, dificilmente. Mas consigo facilmente entrar na cabeça do personagem em crise (pensem em Quero ser John Malkovich) e relatar o que ele pensa. Segue:

Um belo dia ele se olha no espelho e se sente velho. Olha para a mulher, que é uma VELHA e NÃO DÁ A MÍNIMA para isso, e pensa que não há futuro possível com pessoa tão diferente dele. Afinal, a idade ESTÁ NA SUA CABEÇA, e seu corpo apenas segue o que você sente. Ele precisa mudar o rumo de sua vida. Ele precisa REJUVENESCER.

Se o filme fosse a vida real, ele teria primeiro encontrado a piriguete nível 5 e depois largado a mulher. Mas, na obra de ficção, ele chuta a mulher realista e encontra a sua fonte da juventude depois.

Como já explanei em post recente, a piriguete é aquilo que todo homem quer. Os mais novos ainda se sentem embaraçados por tal desejo, mas o senhor em crise resolveu encarar a verdade de frente e casou-se com a primeira vadia profissional que ele pôde encontrar.

(Eu, aqui, continuo firme e forte com o meu macho pirigótico brutoquintessencial, que é a versão-espelho da fêmea hétero para a piriguete.)

No filme, o homem em crise se dá mal, pois descobre que a moçoila não dança o créu só com ele. Mas quem disse que ele está pior do que antes? Pesando os prós e os contras, acho que ele nem se deu tão mal assim. Mas sabe quem se deu bem mesmo?

A Separada Abandonada.

Sim, companheiras, Woody preparou para ela um lindo final felizpatético, e se eu já estraguei o filme inteiro para quem não o viu, isso eu não estragarei. Assistam, reflitam e aprendam.

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Você encontrará o homem dos seus sonhos - parte 2/3

Falemos sobre o triângulo: promissor fiancé - linda jovem - artista incompreendido.

(Warning: este é um post cheio de spoilers e cheio de capislóques. Beware.)

Ele é um artista incompreendido. Foi um dia um escritor promissor, mas seus último livros receberam críticas mornas e venderam mal. Sua mulher cobra-lhe diariamente a sua parte nas contas da casa. Quem essa MEGERA pensa que é? Desde quando um artista como ele pode se rebaixar a fazer um outro ofício que não a sua ARTE?

Como ele não pode simplesmente largá-la, pois não tem dinheiro para alugar nem um quarto sujo num beco qualquer, ele se contenta em admirar a sua vizinha e dar-lhe demonstrações da sua pequena erudição.

A vizinha, coitada, mal sabe que está prestes a fazer A PIOR ESCOLHA DE SUA VIDA.

Pois esta pobre criatura, comprometida com seu promissor fiancé, um homem de bem, de boa família, bem-educado, altruísta e provavelmente boring as hell, irá trocá-lo pela promessa de viver a sua vida ao lado de um escritor brilhante e profundo.

Quá. Quá. Quá.

Pois mulher ainda acredita ser apenas um acaso as palavras "artista" e "autista" diferirem só por uma letra. E, no caso desta pobre desafortunada, nem brilhante o homem é. Então, senhoras e senhores, afirmo-lhes que, durante o filme, consegui entrever com a minha visão além do alcance o que espera a linda jovem. Thundercats, hoo:

Ela já percebeu que de brilhante ele não tem nada. Ele é preguiçoso, vive dando desculpas para não terminar sua última obra, está sempre em uma angústia muito mais importante do que qualquer drama real que ela possa ter. Ela, que antes o achava um tipo charmoso, agora percebe que seu ex era muito mais asseado e tinha um corpinho em cima, além de ser um homem honesto, trabalhador e generoso. O atual, por outro lado, começa a perceber o olhar crítico da mulher e é OBRIGADO a se refugiar no olhar admirado de uma outra vizinha, aquela besta que - sim! - o acha charmoso e brilhante.

Um belo dia, ela encontrará, por acaso, o ex com sua nova mulher. Eles lhe contarão de sua bela vida, de sua viagem romântica para conhecer os bisavós da noiva no Butão, de como ele é o homem que ela, a noiva, sempre sonhou. Eles terão um lindo filho ou filha, e ele/ela será muito educado/a e dará uma flor de presente à idiota que deixou esse homem tão bom escapar. Ela terá uma crise de choro e voltará pra casa com vontade de pôr fim à sua vida. E colocará suas coisas em uma mala, chamará um táxi e se tornará uma Separada.

The End.

Você encontrará o homem dos seus sonhos- parte 1/3

Pois bem, eu e S1 fomos ao cinema ver o novo do Woody Allen. Preparava-me para uma hora e meia de sorrisos internos e um leve enfado (sou daquelas que já se cansou um pouco do novaiorquino neurótico), mas qual foi a minha surpresa ao perceber que o filme daria matéria para o blog. Ah, os personagens! Temos na história:

1 - A separada abandonada
2 - O homem com a crise dos 2/3 de idade
3 - A mulher em crise no casamento
4 - O artista incompreendido/falido/narcisista
5 - O casado infiel - dois, na verdade
6 - A linda jovem e seu promissor fiancé
7 - A piriguete nível 5 (pense nas velocidades do créu).


A separada abandonada (tag: Categorias da Separada) e o Casado Infiel (tag: O Casado Infiel) nós já conhecemos há muito. Acabamos de falar sobre as piriguetes (ver post abaixo), e este blog é feito por quatro mulheres que já estiveram em crise em seus casamentos. Gostaria, então, de me ater aos triângulos:

promissor fiancé - linda jovem - artista incompreendido
e
separada abandonada - homem em crise - piriguete nível 5

(continua)

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

O Piriguetismo e a Separada - 2

Permita discordar um pouco, adorável S3 (que saudável essa coisa do debate, não ?).

O marido não deseja necessariamente que a esposa seja uma piriguete. Porque, se ela o fosse, não seria mais esposa. Podemos fechar os olhos para esta dualidade clássica do macho ? Existe uma mulher para casar e outra para satisfazer os desejos mais primários. E esta costuma ser a piriguete. Não quer dizer que o marido não goste de fazer sexo com a mulher. Ele gosta. Mas é diferente, porque a piriguete não é RESPEITADA. E isso dá ao macho uma certa sensação de liberdade, não é mesmo ?

A piriguete ocasional também tem outra característica que aguça muito o apetite do marido alheio: ela finge. Domina a arte de fingir com maestria. E assim, faz com que qualquer homem se sinta MUITO MAXO.

O enigma a resolver é, portanto: como funciona a cabeça dos homens que se casam com as piriguetes ?

O Piriguetismo e a Separada

A separada, não sendo uma solteira qualquer, costuma aparentar menos piriguetismo do que a companheira que nunca casou. Isso se deve ao fato de que, por anos, ela acreditou que suas outras qualidades eram as causas do seu (até então) bem-sucedido casamento: sua inteligência, senso de humor, dotes culinários, beleza selvagem, coragem e independência eram o que faziam o falecido marido desejá-la como esposa. A-há! Aí se encontra a arapuca.

Na verdade, essas qualidades eram mais do que desejáveis. Mas o real desejo do seu marido, aquele que ele escondia em um armário mais profundo do que o do Tom Cruise; aquele que ele sequer sussurrava para ele próprio, mesmo quando completamente só e no escuro; aquele que só lhe vinha em sonhos cifrados, cheios de símbolos psicanalíticos, era nada mais, nada menos do que isso: Ele queria que você fosse uma pi-ri-gue-te.

Sim, ele queria. Queria, sim. QUERIA.

Mas nunca teria a coragem de admitir.

Nós, que conhecemos a vida Antes-Durante-Depois do casamento, temos o dever de alertar as nossas Amigas Casadas: mesmo sendo a Lou-Andreas Salomé, a Angelina Jolie, a Frida Kahlo ou a Michelle Obama, você sempre correrá o risco de ser chifrada com um animal desta abundante espécie:











Que a Força esteja com vocês,

S3.

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Sessão tortura em cinco passos

Essa é para as Separadas Arrependidas:
1 - Escolham uma das versões do filme "O despertar de uma paixão" (com Greta Garbo ou Naomi Watts, o que for mais o seu estilo);
2 - Aconcheguem-se ao lado do álcool de sua preferência;
3 - Deixem um contêiner de coisas açucaradas à mão;
4 - Enrolem-se em um cobertor felpudo, mesmo a 30 graus (ele também servirá de lenço de papel), e...
5 - Chorem, chorem copiosamente o leite derramado.

Mas antes, curtam a lama e o SPOILER deste vídeo:

Il y a longtemps que je t'aime, jamais je ne t'oublierai...

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

O ex-marido metódico e que carrega algum tipo de misteriosa maldição

Esse cara resolve se casar já achando que tudo vai dar errado.
Ele tem certeza absoluta que a qualquer momento uma desgraça acontecerá porque é impossível que as coisas simplesmente possam dar certo.
Ele é o cara mais "na linha" que existe, mas mesmo assim, tem certeza absoluta de que alguma coisa vai dar errado em algum momento.
Para começar, ele já fica resmungando antes da mudança, que vocês nunca conseguirão um apartamento bom e que possam pagar. Quando você se desdobra para procurar um, revira São Paulo inteira, visita milhares de pocilgas e armadilhas, cheia de fé e boas intenções, até animadinha, e finalmente acha um lugar perfeito, ele resmunga que deve ter alguma coisa errada com o apartamento ou que o aluguel deve aumentar no próximo mês.
Ele só vai acreditar que deu certo quando a mudança já estiver feita, quando você já arrumou a casa inteira sozinha, desencaixotou tudo, enquanto ele reclamava do local que você guardou as revistas raras, muito difícil de procurar alguns números e que os cds não estão em ordem alfabética.
Para esse tipo de ex-marido, que carrega o peso do mundo nas costas, nada nunca está bom. É tenso, não consegue relaxar nunca, então vive exausto dormindo pelos cantos. Nada do que faz fica bom porque ele é extremamente, irritantemente honesto, logo, seu grau de exigência com o mundo é o mesmo que para consigo próprio, então você passa o almoço de domingo, que ele começou a preparar com toda a dedicação logo cedo, ouvindo suas reclamações sobre como a comida ficou horrível, mesmo que esteja deliciosa.
Ele acha péssimo tudo que faz, inclusive aqueles desenhos maravilhosos que você embalou primeiro e já botou no elevador quando fugiu de casa ao se separar.


Foi traumático o dia que mostrei um desenho meu para ele. Na época eu trabalhava em um projeto com ilustração e ele respodeu: "Por que você não contrata um ilustrador de verdade?"
Puxado... puxado...

domingo, 28 de novembro de 2010

O Ex-Marido Regenerado

Hoje, enquanto preparava um macarrão e pensava numa postagem homenageando o falecido, ocorreu-me a ideia de inaugurar esta nova e divertida seção: a das Categorias dos Ex-Maridos.

O EX-MARIDO REGENERADO

Enquanto casado, ele adorava tomar umas canas pra preencher seu abismo interior. Dormia de bunda pra cima no sofá, seu ronco era tão alto que te acordava lá no quarto. Ele também pegava umas piriguetes por aí (afinal você andava regulando), mas no fundo ele te amava demais. Te amava DEMAIS. Você não foi capaz de compreender isso, então se mandou. E este pobre homem foi afundando cada vez mais na lama da solidão. Ele sofria tanto que não conseguia passar nem meia-hora por semana com o filho. E além das canas, precisou também recorrer a outros tóchicos. O que, obviamente, o deixou sem recursos para pagar a pensão alimentícia. Sofrimento é foda mesmo.

Mas daí
um belo dia
ele ouviu os ensinamentos do Mestre
e virou um novo homem.

Encontrou outra mulher direita, carinhosa, que o compreende. E se regenerou. Largou os tóchicos, passou a te tratar com gentileza, e resolveu recuperar o tempo perdido com o filho. Recuperar num ritmo leve, claro, pra não se angustiar demais.

Desde que vocês se separaram, ele repetiu este ciclo umas quatro vezes. Aliás, o casamento com você também foi a repetição desse ciclo. Talvez tenha tido mais um ou dois filhos. Mas DESSA VEZ É DIFERENTE. Fala Mestre !!!!!

O fim de ano da Separada

Com o fim de ano chega o calor, com o calor chega o Natal, e com o Natal chegam as infindáveis sessões de tortura. Trânsito insuportável, histeria coletiva, festa da firma, e por fim a Noite Feliz.

Mas nós, Separadas, temos pelo menos um motivo para comemorar: escapamos, se possível para TODO O SEMPRE, daquele debate rame-rame pra saber onde a família passará o Natal. "No ano passado jantamos na sua mãe." "Neste ano a minha mãe está muito frágil, precisando da nossa companhia". "Este ano a família estará toda reunida, não podemos faltar". E, caso você conseguisse escapar no dia 24, o fatídico almoço de requentados do dia 25 na casa da sogra te esperava de braços abertos. O que pode ser pior que isso, gente ? Porque se já é intragável encontrar a parentada toda, o que dizer de encontrar a PARENTADA DO MARIDO ?

Para dar ainda mais colorido a esta sessão de exorcismo da Separada, vão aqui alguns highlights. Visualize:

Cada um leva um prato. Espírito Natalino. Tios velhos bêbados. Missa do galo. Uma lembrancinha para cada criança. Presente horrível da sogra. Presente horrível da irmã da sogra. Presente horrível da cunhada. Peru ressecado. Tender com abacaxi. Frutas cristalizadas. Vinho de má qualidade. Espumante de má qualidade. Tios velhos mais bêbados ainda. Cunhado bêbado dando em cima da prima da mulher. Sogro bêbado olhando os peitos da sobrinha. Sogra bêbada querendo confraternizar. Crianças brincando com todos os brinquedos barulhentos que ganharam. Sogra chorando emotiva e pedindo desculpas. Azia. Marido.

E você, amiga Separada, você ESCAPOU ESCAPOU ESCAPOU ESCAPOU ESCAPOU ESCAPOU    ESCAPOU DE TUDO ISSOOOOOOOOOOO !!!!!!!!! Na pior das hipóteses suportará apenas uma sessão de tortura com sua própria família, mas esses você conhece desde que nasceu, então vá lá. E ao invés de ir para a casa da sogra, pode ficar dançando pelada no quintal enquanto escuta no máximo volume:

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Reunião

Queridas amigas, queridas leitoras.

Que loucura o fim de ano, não é mesmo ? Especialmente para a separada trouxa com filhos, que trabalha dobrado para manter acesa a chama de Papai Noel. Isso pra dizer o quanto anda difícil postar com a regularidade exigida por leitoras tão atentas e exigentes como vocês.

Mas a boa nova é a seguinte: nos próximos dias realizaremos (nós, as autoras) uma reunião de Festas/Pauta que renderá muitas pérolas para este blog. Eu mesma já tenho duas ou três ideias para discutir com as companheiras.

Aguardem, aguardem.

Jingle bells,

S1

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Uma vez separada, para sempre separada?

Amigas,

Comunico-lhes que fui pedida em casamento durante o show do Paul McCartney. Papel passado, igreja, o escambau. Como ainda sou legalmente casada - apesar da separação já durar mais de dois anos -, tive de declinar. No entanto, pôs-se a questão: uma vez separada, o que me faria casar de novo? Eis as respostas que consegui:

- O emprenhamento.
Como nunca engravidei, conservo a ilusão de que um pai deve ser, necessariamente, um (ex)marido. Tolo, reconheço. Mas mais tolo mesmo seria emprenhar do meu AB (não, neófitas, não é do meu OB).

- Cidadania exótica.
Há sempre um tailandês gay querendo se refugiar no Brasil e uma brasileira hétero querendo se refugiar na Tailândia, não é? Troquem a Tailândia por Butão, Nepal, Indonésia ou qualquer ilha paradisíaca no oceano Índico e serei uma esposa feliz.

- O endoidecimento e/ou macumba.
Como não achei nenhuma outra resposta à minha questão e meu TOC me levou à subdivisão em três tópicos, achei a loucura e/ou macumba uma alternativa a ser levada em conta.

E vocês, amigas separadas? O que as fariam casar novamente?

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

O fim da maldição

Queridas amigas,

é com grande satisfação que lhes comunico o fim da maldição do Casado Infiel em minha vida. Hoje, saí para almoçar com um amigo recente. Ele é bonitinho, casado e tem um filho pequeno (o que normalmente deixa os homens muito suscetíveis). E para minha total alegria, não deu em cima de mim. Não me olhou com olhinhos brilhantes, não lançou nenhuma cantada barata, não falou das agruras do casamento. Uma luz de esperança se acendeu em meu coração.

É o prenúncio de uma nova etapa em minha existência.

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Cadê o glamúr ?

Pois então, vejam vocês. Temos constatado que nosso blog cumpre também uma função social: a da preservação da Sagrada Família. As amigas casadas que o frequentam têm reafirmado sua opção de assim permanecer, ao constatar a selvageria que é o mundo do lado de cá da barricada. Tanto melhor, estamos expandindo nosso público alvo. E é a você, Amiga Casada, que dedico esta postagem especial.

Em poucas palavras, quero falar sobre o fim do glamúr no casamento, um dos motivos determinantes para sua dissolução. A falta de protocolo corrói o matrimônio aos poucos, feito uma cirrose silenciosa. Nosso papel de separadas experientes é o de aconselhá-la, Amiga Casada, a seguir à risca os ensinamentos de sua avó:

Nada de flatos na presença do marido.
Mantenha sempre a depilação em dia.
Prepare pratos deliciosos, deixe a cozinha limpa e não receba o marido cheirando a fritura.
Evite o excesso de reclamações.
Faça ginástica.
Jogue fora todos os moletons e não compre outros.
Não permita que o marido use o vaso sanitário enquanto você toma banho.
Se tiver filhos pequenos, preserve o "espaço do casal". Ainda que só sobre a lavanderia.
E finalmente: suas maiores inimigas são as calcinhas confortáveis de algodão.

Seu marido tentará convencê-la de que tudo isso é bobagem, porque ele te deseja "de qualquer jeito". ELE ESTÁ MENTINDO.

Fica a dica.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Warning

Gente,

depois desse vídeo que a S3 postou achei por bem informar: nós acreditamos no amor verdadeiro, viu ?

A separada esperta

Continuando a nossa quase esquecida série de Categorias da Separada, adiciono uma que nos faz inveja: a Separada Esperta, ou a Separada que Sai no Lucro (SSL).
Nós, trouxas e incompetentes até o último fio de cabelo, que saímos de casa com uma maleta de mão e um abajur, admiramos esse tipo de mulher que faz o ex-marido ver, ainda que a muito custo, o seu real valor.

Vejamos o exemplo da SSL Daniela Cicarelli, muito bem ilustrado por Marcelo Madureira:

sábado, 13 de novembro de 2010

Sinais apocalípticos (continuação)

A QUARTA TROMBETA

Cai a noite. Você faz o sinal da cruz e sente vontade de entornar uma garrafa de Velho Barreiro. Coloca o pijaminha, deita na cama, e pede pra nascer homem na próxima encarnação.

A QUINTA TROMBETA (gente, quantas trombetas são mesmo?)

Você tem plena convicção de que o problema é grave e irreversível. Teme o fantasma da frigidez. Pergunta-se: será que algum dia gostei de sexo ? Vai ao ginecologista e implora por comprimidos que operem o milagre da ressurreição.

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

o romantismo e o meu ex-marido

Ah, eles foram feitos um para o outro, mas infelizmente nunca se encontraram. O romantismo e o meu ex-marido estão mais distantes do que eu da minha finada virgindade. Querem a prova? Então entre no jogo PERGUNTE AO MARIDÃO.

Afinal, quem nunca fez perguntas estúpidas em momentos de carência?

Pergunta: Amor, estou bonita?
Resposta: Não está feia, mas esse vestido deixa seus ombros largos, fica meio desproporcional.

Pergunta: Amor, você acha que a gente vai ficar junto pra sempre?
Resposta: É possível, mas não diria provável. São muitas variáveis.

Pergunta: Amor, você vai deixar de gostar de mim algum dia?
Resposta: Não sei, querida, não dá pra prever.

Pergunta: Amor, eu sou a mulher da sua vida?
Resposta: Desde quando você acredita nessas coisas?
Pergunta: Amor, por que você nunca me disse: “não vivo sem você”?
Resposta: Porque não seria verdade.

Para o meu ex-marido, romantismo = um coelhinho da páscoa grávido do papai noel tomando um chá de cogumelos com um gnomo crossdresser. Ou seja: nada, nada confiável. (and yet, I loved him)

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

ooops

Sinais apocalípticos

Antes que você, companheira separada-to-be, chegue despreparada à situação periclitante de um divórcio iminente, saiba reconhecer OS SINAIS APOCALÍPTICOS.

A primeira trombeta: Saudades da juventude.
Não, amiga. Você se engana. Você não tem saudades da juventude; você tem saudades da época em que era bem comida por um gostosão (provavelmente o seu marido) e o sexo era parte importantíssima da sua vida.

A segunda trombeta: Os homens (e/ou mulheres) ao seu redor ficaram mais atraentes.
Lembra-se quando, além do seu marido, apenas poucos afortunados mereciam o seu olhar 43? Agora daria pra encher um show do RPM em 1987 só com pessoas que despertam o seu interesse (sim, sou uma velha).

A terceira trombeta: O corpo demora a responder.
Houve uma época em que, durante o beijo, você já estava completamente molhadinha. É, minha filha... segura na mão de Deus. Aqueles foram bons tempos e hoje em dia é só no KY! Daqui pra frente, temo dizer-lhe, tudo só piora.

to be continued...

domingo, 7 de novembro de 2010

Comer, Rezar, Amar

O filme já vai sair de cartaz, mas ainda assim vale uma postagem, dada a afinidade do tema com nosso blog. Minha intenção era fazer uma resenha, mas não vale a pena dizer o que todos já sabem: Comer, Rezar e Amar é um lixo do começo ao fim. Trata-se da história de uma escritora americana que perdeu a alegria de viver e a capacidade de amar. Carregando a culpa de um divórcio, empreende uma jornada de auto-conhecimento de um ano pela Itália, Índia e Bali. Aprende a comer carboidratos, a meditar e a nadar sem nunca aparecer de biquini diante das câmeras. E finalmente reencontra o amor.

O que mais me chamou a atenção foi o fato de alguém ter dinheiro suficiente para tirar um ano sabático. Todas nós sabemos, queridas leitoras, que na vida real isso é quase impossível. Por isso, muito mais útil do que fazer uma resenha é adaptar as dicas preciosas daquela auto-ajuda barata para a nossa realidade. Afinal, a autora mala sem alça é americana, e nós ... bem, somos brasileiras, aprendemos mais rápido.

Você, separada culpada e assalariada, tem direito a no máximo um mês de férias. Considerando sua falência, venderá pelo menos dez dias. Sobram três semanas, uma para cada fase de sua jornada de auto-conhecimento.

Como a viagem à Itália está longe de ser pagável, sugiro que alugue um quarto numa casa de família na Mooca. Escolha uma bastante numerosa, e mergulhe de cabeça no macarrão, no vinho e na espontaneidade. Em uma semana dá pra ganhar alguns quilos (segundo o filme, isso faz parte da terapia).

Segundo estágio: Índia. Na avenida Angélica existia um templo Hare-Krishna que eu costumava visitar aos domingos, talvez ainda esteja por lá. Passe algumas horas ouvindo aqueles cânticos de enlouquecer, coma uma comida com bastante curry, vista umas roupas cor de salmão e saia vendendo incenso pela cracolândia, onde abundam crianças miseráveis, assim como em Calcutá. Nesta etapa, você supostamente despertará sua religiosidade adormecida.

Semana três: Bali. Essa vai exigir um esforço um pouco maior de sua imaginação. Pegue um ônibus e desça até Mongaguá, ou, se os Hare Krishna tiverem depenado suas últimas reservas, vá até a represa Guarapiranga. Não esqueça de levar a canga de batik pra se sentir naquele clima balinês quando sair do banho de "mar". No filme, Julia Roberts encontra um velho xamã desdentado que lhe ensina tudo sobre o equilíbrio interior. Vai ser bem fácil achar um velho desdentado na Zona Sul profunda, e é certo que ele terá muito a te ensinar. Se joga.

No fim do filme, Julia recupera a coragem para o amor graças a um brasileiro amável, bom pai, divorciado, divertido e romântico, que era o Javier Bardén com cara de saco cheio por estar naquela produção de quinta. Achar um brasileiro vai ser moleza, mas se ele for parecido com o Javier não esqueça de me passar o telefone pra eu publicar aqui no blog.

Agora só depende de você. Vai ser feliz, gata.

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

CI n. 429

Depois de te convidar pra jantar e passar uma hora te aliciando com elogios exagerados, o Casado Infiel te leva pro motel. Ele pensa que os elogios surtiram efeito, não percebe que hoje você estava decidida a quebrar o jejum de dois meses de qualquer forma (mesmo porque o horóscopo da Susan Miller te avisou que seria um dia propício). Depois que tudo acaba, você pergunta só de sacanagem:

- A tua mulher tá viajando ?
- Tá. Eu nunca transo com outras mulheres quando ela está aqui. Faz parte do nosso código de respeito.

AHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHA

Em horas como essas é que eu adoro ter esse blog.

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Verdades absolutas, por Suzaninha Vieira:

1. Pessoas com deformidade da mente transam muitíssimo bem.
2. Se me completa no sexo, não precisa falar de museu.
3. Idade não existe pra mim. Não sou sessentona, sou uma estrela.
4. Estou viva e aberta para tudo, mas ninguém nunca mais toca no meu dinheiro.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

O legado de Suzaninha

Companheiras,

Ofereço-lhes um compêndio inigualável de sabedoria feminina: a entrevista de Su Vieira a uma revista semanal. Quantas coisas podemos tirar desta entrevista! É o meu i ching pessoal. Quando encontro-me em situação desfavorecida, abro a entrevista e aponto meu dedinho em lugar aleatório. Qualquer que seja o lugar, certamente terei pérolas dignas de um Confúcio! Leiam com atenção, belas, e tirem a lição moral que desejarem.

http://veja.abril.com.br/140109/entrevista.shtml

Que a Força esteja com vocês,

S3.


domingo, 31 de outubro de 2010

A maldição da múmia

Queridas amigas, queridas leitoras.

Escrevo-lhes de além-mar para compartilhar minha estupefação: a maldição do casado infiel me persegue por onde quer que eu vá.

Dia desses, em meio a uma viagem prazenteira da qual ainda não retornei, reencontrei um ex-namorado (doravante denominado M). Provavelmente o único homem normal com quem já namorei. Tínhamos planos de nos casar e constituir família, mas a geografia falou mais alto e M trocou-me por uma holandesa (doravante denominada VH, Vache Holandaise) que vivia na mesma cidade que ele. Constituiram matrimônio e tiveram dois lindos filhinhos.

Pois muito bem. Reencontramo-nos. Os olhos do rapaz brilhavam, ele sorria todo o tempo, e finalmente ao fim do encontro confessou-me que teve apenas dois amores em sua vida: eu e VH.

No dia seguinte, ele pede para me rever. Nos encontramos então por 40 minutos, durante os quais ele fala das dificuldades da vida de casado. E depois ele diz que não consegue evitar uma vontade de pular em cima de mim, já que eu não mudei nada.

Mas ele se engana, cara leitora. Ele se engana. EU MUDEI. Ao invés de dar um sorrisinho e dizer: "então pula, meu bem", respondi: "Nem pense nisso. Você não tem talento para o adultério. Depois ia ficar chorando como um bebê arrependido, pensando em sua casta VH. VOCÊ É UM HOMEM DE FAMÍLIA (Ahahahahahahahahahahahahahaha), e vai continuar assim".

Chamamos o garçom, ele pagou a conta e perguntou, me abraçando:
- Quando nos vemos de novo ?
- Não sei. Daqui a uns cinco anos, quem sabe.

Parti triunfalmente e deixei-o só, digerindo seu tédio conjugal.

sábado, 30 de outubro de 2010

Manual de sobrevivência ao autista boêmio - parte 1

Leitoramiga,

A separada que vos fala já cometeu muitos erros na vida. Inúmeros. Incontáveis. O seu último foi apaixonar-se por um AB (ver post abaixo), largar o emprego estável e seguir a vida à base de sexo, drogas e roquenrou. Sim, companheira, eu endoideci. Mas a loucura tem as suas vantagens. Portanto, para aquela que, assim como eu, amargou dez longos anos de estabilidade e respeito mútuo em um casamento afetuoso e sem desavenças, preparei um breve manual para lidar com o oposto. Este post se concentrará nos prós e contras. Vamos lá?

Prós:

1. Sexo selvagem com um AB.
Todas nós que reconhecemos a inteligência superior de Suzaninha Vieira, aquela que só pega gatinhos com um terço da sua idade, sabemos esta grande verdade: homens com pobremas mentais são bons de cama. Isto nos foi revelado em uma entrevista antológica de Su às páginas amarelas de uma revista semanal, e todas, digo TODAS as amigues tiveram de concordar.

2. Sentir-se xóven novamente.
Após dez anos de um casamento feliz e insosso, a separada que vos fala já estava encomendando o próprio enterro e fazendo contagem regressiva para a aposentadoria. Minha vida tinha acabado: o resto dos meus dias seriam exatamente iguais aos dias que eu já havia vivido, e o sexo seria cada vez mais morno. Mas nunca ao lado de um AB, que está preso à adolescência de forma irreversível e definitiva.

3.Romance.
O AB nunca lhe dará uma panela de pressão de presente de Natal. Nunca. Talvez ele desapareça no Natal, ligue dois dias depois ainda bêbado pra dizer que te ama, que você é a mulher da vida dele, depois desapareça mais um dia, e, finalmente, chegue à porta da sua casa tendo nas mãos um belo vestido, vinho e passagens para uma ilha paradisíaca (ou, se ele for da variação ABP, o artista boêmio pobre: um regalo da Marisa, um Miolo uvas indefinidas e tickets de busão para o Guarujá).

Contras:

1. Brigas.
Se você não for tão idioticamente presa à adolescência quanto ele, brigas serão inevitáveis. Ficar bêbado todo dia, quebrar coisas, insultar pessoas, zzzzzzzzz.... acordem-me quando tudo acabar. Se ele for um AB do tipo que trabalha em palco, tudo será ainda pior, pois você ainda terá de lidar com o assédio das fãs pirigóticas que vivem no pé dele.

2. La cornitude
Não tem como escapar dessa, companheira. Mulher de autista tem que conviver com o fantasma do chápeu de chifres. Para as possessivas, é um pesadelo. Pesadeloooooo. Digo-lhes que não é nada fácil, até para uma mulher vivida como a que vos fala.

3. O futuro
Você não está ficando mais jovem, e o seu AB não entende que ele também não. Quanto tempo você quer gastar em uma relação sem futuro, você se pergunta (eu, no caso), antes que você fique velha, enrugada e infértil? Estabeleça uma data limite e aproveite enquanto der, minha filha, pois a vida não é bolinho!

sinal de vida

Sim, estamos vivas! Mas algumas de nós estão viajando... e as outras duas, encarregadas de atualizar isto aqui, estão:
1. Trabalhando feito uma louca.
2. Virando noite e amanhecendo bêbada feito uma louca.
Peoples, eu sou a número 2. Desde que comecei a namorar o chamado Artista Boêmio, ou AB, tem mais álcool do que sangue neste meu corpitcho. Pensei então que, assim que a minha ressaca passar, vou escrever um manual para você, leitoramiga, sobre os prós e contras de sair com esse tipo de indivíduo. Aguardem.

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

A casada mal-comida

O terror das separadas pode ser a delícia da casada mal-comida. A casada mal-comida ora todos os dias por um casado sem vergonha, disponível para uma fantasia e nada más.
Ela tem baixa estima (afinal, é mal comida) e se delicia com quaisquer migalhas de atenção masculina, ainda que em ambientes insalubres, como escritórios, filas de teatro infantil e caixas de restaurante por quilo.
É muito facil reconhecer uma casada mal comida. Ela tem flertes platônicos com prestadores de serviço (como contadores e mocinhos da informática), é sempre simpática e às vezes erra a mão no decote ou na maquiagem.
A casada mal-comida de boa cepa não flerta descaradamente com ninguém e dá margem a poucos comentários. Mas ela almoça em lugares despretensiosamente escondidos com uma companhia que tenha algum potencial, faz longos serões no trabalho para poder ligar com calma para aquele rapaz que precisa de um ombro amigo, lança discretos olhares lânguidos para o professor do mestrado, leva uma bobaginha pro colega de trabalho, manda emails ambíguos quando o terreno é desconhecido.
A casada mal-comida não é uma resignada. Não, não. Ela é uma evolução pokemón da romântica clássica. Ela não acredita em príncipes. Casa-se com um homem que faz o estilo 'parceirão', que pega as crianças na escola, lava a louça, vai ao teatro e discute filosofia. E com quem transa a cada quinze dias, enquanto pensa em orgias inenarráveis.
I-ne-nar-rá-veis.
A casada mal-comida é uma proto-ninfomaníaca, em geral, mal sucedida.
Ela espera ser salva por uma paixão cafajeste, entre lençóis, em tardes mornas e hotéis sinistros.
Mas a vida não é bonita pra ela. Os homens olham para a aliança, o porta retrato do filho na mesa de trabalho, os quilos ganhados na dura labuta de manter um vida conjugal interessante à base de comida, a leve breguice ao se vestir... e simplesmente, sorriem apiedados. E, às vezes, há aqueles que depois de um email calorosamente sugestivo, arrematado por um "beijo" sussurado no fim da página, lhe respondem friamente com algo como "um abraço e até".

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

sem dramas

Estimadas leitoras,

Não deixem que as palavras amargas do post abaixo as desiludam. S4 é uma romântica da segunda geração, byronista, adora um mal do século e etc e tal. Alegria, meu povo! Digo-lhes que é possível, sim, ter sexo selvagem e amor e séries de TV, tudo ao mesmo tempo. Só não incluam aí fidelidade, que também já é demais. E é claro que uma hora a balança vai pender para um lado (infelizmente nunca é para o lado do sexo selvagem), e chega a hora de terminar tudo ou arranjar o velho e bom PS, o pau substituto. Mas isso todas nós, separadas e soon-to-be-separadas, já estamos carecas de saber, né? Viva o realismo!

Que a Força esteja com vocês,

S3

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Los narcisistas

Quem nunca se apaixonou por um que atire a primeira pedra. Eu me apaixonei por dois, que Deus os tenha. Eram dois Casados Infiéis, os únicos e últimos da minha vida. Os dois tinham traços comuns: eram homens românticos, amavam as esposas, me amavam, achavam que as três coisas eram plenamente conciliáveis. Ha. Ha. Ha.

O meu primeiro Casado Infiel Narcisista (desculpem-me o pleonasmo) ou CIN mandava-me músicas por email com a seguinte frase “Estamos ouvindo essa agora.” Sim, gatas, no plural. Ele e a sua senhora. Beautiful. Mas o momento mais lindo que vivi com o indivíduo foi o seguinte: prestes a partir para la hermosa cuidad de La Puta Que Los Parió, Sudamérica, o CIN olha-me nos olhos e profere as seguintes palavras: “Querida. (Pausa dramática. Segura o meu rosto com suas mãos) Você quer que eu fique? Você quer que eu fique aqui, no Brasil, com você?” E eu, coração disparado, olhos ardendo, respiração ofegante, digo: “Sim, quero”. Ao que ele me responde: “Então,” - E agora faremos uma pausa, só eu e você, minha leitoramiga, pois nós duas sabemos que, se começou com a palavra então, coisa boa não deve seguir. Respirou fundo? Preparada? Vamos lá - “... eu também pensei nisso, mas cheguei à conclusão de que não devo ficar. Minha mulher me espera em La Puta Que Me Parió, e eu quero viver isso com ela. Tantas coisas lindas ainda posso viver com ela! Tchiamu muito, você sabe, mas pensando bem, desde que ela foi embora, você tomou completamente a minha vida, tanto que não senti falta dela. Quando eu chegar em La Puta Que Me Parió, presumo que também ela ocupe a minha vida de modo que eu te esqueça rapidamente.”

Ohhhhh, que amor. Ele não é igual ao meu outro CIN, o do post do aeroporto? (ver tag: anedotas) E até hoje ele não entende por que a gente “se afastou”.

domingo, 17 de outubro de 2010

O reencontro

O reencontro de uma separada com o ex-marido pode ter sabores variados, indo do amargo ou do azedo ao simples insosso (como se estivéssemos em uma breve e anacrônica continuação do casamento, vejam bem). Raramente é doce, digo-lhes. E só em casos raríssimos, porém devidamente relatados na literatura científica, teremos um reencontro apimentado. Enfim, este último não foi o meu caso.

Eis que encontro o meu ex numa situação social levemente embaraçosa: o casamento de um amigo comum. Ele, acompanhado da nova namorada; eu, acompanhada de uma taça de champagne. Tim-tim! Vamos sorrir? É, colegas separadas, nessas horas eu acho que a gente deveria fazer uma corrente de oração para todas as separadas do mundo que têm de passar por esse tipo de situaçon.

Mas, retomando o assunto... o caso é que, durante a cerimônia, não pude deixar de notar como eu e meu ex não tínhamos absolutamente nada em comum. Como ficamos uma década juntos? No que se baseou todo aquele tempo? Ele sempre dançou tão mal? E o sexo nem era assim, como dizer, de tirar o fôlego, se é que as senhoritas me entendem. Daí, sutilmente, dei uma olhadela na namorada, e a certeza me veio como uma epifania: sim, eles foram feitos um para o outro. Um para o outro, querida. E então, com a mesma inspiração divina, entendi que eu só encontrarei a minha verdadeira cara-metade se fizerem um clone do Paul Newman com o cérebro do Nabokov. Enquanto isso não acontecer, estarei me divertindo por aí.

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Preleção feminista para Separadas Trouxas

Antes de mais nada, nossas desculpas pelo longo e tenebroso inverno de dez dias sem postagens. Imperdoável.

Retorno para um breve e importante discurso direcionado às leitoras que pertencem à categoria das Separadas Trouxas:

VOCÊ que aturou durante anos o descompromisso de seu ex-marido,
VOCÊ que continuou aturando quando ele se tornou um pai igualmente descompromissado,
VOCÊ que bate a cabeça na parede quando vê seu filho sofrendo pela ausência do pai,
VOCÊ que continua quieta com medo de represálias contra seu filho,
VOCÊ que é uma Trouxa, como bem sabemos,
VOCÊ, minha amiga, tem o DIREITO DE SE REBELAR.

Espere a panela atingir o ponto máximo de pressão e deixe ela estourar, de preferência na portaria do prédio de seu ex-marido, de modo a deixá-lo bastante embaraçado. Você não perde nada, afinal não tem como piorar. E, caso não se deixe dominar pelos sentimentos baixos de vergonha ou culpa (os motores da violência contra a mulher), ganha um imenso alívio - ainda que temporário.

sábado, 2 de outubro de 2010

A separada com filhos que foge de casa

Vou contar aqui, a comovente história da "separada retirante".
Isso dava um belo cordel... ou uma música sertaneja bem dramática, daquelas que doem no coração (e principalmente no ouvido...)   

"A separada com filhos que foge de casa é praticamente uma retirante, que vai com as malas e os filhos, acompanhando o carreto mais barato que conseguiu achar. 
Herda um punhadinho de móveis e se sente humilhada tendo que retirar algumas coisas da casa do ex-marido (e dela também) para não ter que morar no nada. Alguns copinhos simpáticos que já eram dela. A cadeira favorita, a lata de café que ganhou da irmã...
(comovente, hein?!) 
Essa separada, que não deixa de ser também uma separada trouxa (antes, durante e depois do ato matrimonial), se esforçou muito para que o casamento desse certo, e quando chegou à conclusão óbvia de que não deveria nem ter tentado, que era claramente impossível, fica tão atordoada, que não sabe direito o que fazer. Sai correndo de repente, não dá nem tempo para "cair a ficha" do ex-marido.
De um dia para o outro, comunica aos amigos, família dela, dele e ao filhos. Arranja um casebre em ruínas, um carreto tosco com um motorista desdentado e um ajudante de 10 anos de idade que certamente vão destruir sua pequena mudança. Põe o carro à venda, liga para o perueiro, porque a escola dos filhos é longe da nova casa, faz empréstimos no banco para uma reforma de emergência...
Esse tipo de separação atinge um grau de nervosismo extremo, porque é como uma avalanche. Uma revelação de que ela foi idiota tentando 55 vezes que a união desse certo e que agora terá que fugir de casa imediatamente. É como se começasse a tocar um daqueles alarmes de nave que vai explodir em filme de ficção científica. 

Contando para a sogra: 
-Oi, Dona Olga
-Oi, tudo bem?
-Mais ou menos...
-Mais ou menos? O Zezinho está doente?
-Não... eu e o Paulo...
-O quê? Ele tem outra?
-?...Não...
-Você tem outro?
-Não! (longa pausa) É que não está dando certo...
(... e diz que está pensando em se separar... já com as caixas da mudança no elevador)

Contando para a mãe
-Então mãe, eu tomei uma decisão...
(mãe quase interrompendo...)
-Vai se separar do Paulo, não é? Eu sabia. Ate que enfim! Você ainda é jovem e era claro que esse casamento não estava dando certo. Ele é um cara muito esquisito, está sempre de cara feia, eu nunca quis falar, porque não queria me intrometer, mas agora... (e assim continuou... minutos. Dezenas deles.)"

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Utilidade pública

Vamos parar um pouco essas postagens de Casado Infiel e falar sobre o que realmente interessa: a independência da Separada.

Colega separada: se você é pobre como eu e não tem mais marido para fazer pequenos reparos em casa, é hora de tomar as rédeas da sua vida. Por isso, algumas lições práticas para nunca mais precisar de homem:

http://www.doityourself.com/

E o primo pobre brasileiro:

http://www.facavocemesmo.net/

Mais uma do Infiel

O personagem mais freqüente deste blog retorna para uma anedota verídica. Eis o relato.

Mariana (nome fictício) era uma separada feliz. Bonita, jovem e não muito pobre, ela passava de um homem ao outro como um cachimbo da paz de saias. Para o seu infortúnio, Mariana apaixonou-se perdidamente pelo terror das separadas. O Casado Infiel fez-lhe juras de amor, partiu seu coração em mil pedaços e, como esperado, nunca deixou a esposa. Carente e amargurada, Mariana procurou nos braços de outros homens a cura para a sua infelicidade. Um belo dia, o destino fez com que Mariana e o Casado Infiel se encontrassem no saguão de um aeroporto. Segue diálogo:
Casado: Olá.
Mariana: Oi.
CI: Quanto tempo! Como você está?
M: Bem, e você?
CI: Bem, bem. Estou tentando me concentrar mais no meu casamento, sabe. Percebi que deixei a minha mulher de lado por muito tempo. É hora de me concentrar na pessoa que eu verdadeiramente amo.
M: Ahhh... que bom pra você. Já eu estou bem dispersa, acho.
CI: Como, dispersa?
M: Dispersa, dispersa. Sem concentração.
CI: Saindo com muitos caras?
M: Uns e outros...
CI: Hummm... e você tem usado camisinha com a galera?
Mariana arregala os olhos.
M: ... co... om... a... ga.. le.. ra?
CI: Desculpe a expressão.
M: COM A GALERA???
CI: Desculpe, não me expressei bem.
M: Com a GA.LE.RA.
CI: Não leve isso a sério. Escolhi mal as palavras. O importante é que você continue se cuidando.
M:!?!?!?
CI: O que você vai fazer hoje à noite? Minha mulher só chega amanhã
.

domingo, 26 de setembro de 2010

"Se Cuida"

En bref, gostaria de discorrer sobre a falta de originalidade do Casado Infiel.

Geralmente, o Casado Infiel não esconde de sua pretendente a amante (= você) o seu estado civil. No entanto, ainda que ostente uma grossa aliança, ele evita tocar no assunto tabu (o matrimônio) por "Respeito" à Esposa. E a pretendente a amante, que é uma Separada (= você), compreende e aceita a situação, afinal já ocupou a vaga de Esposa de alguém, e torce para ter sido respeitada. Por isso, a Separada Amante comporta-se bem, não invadindo os "limites da Família".

Pois bem, consuma-se o adultério. Ele pode durar um dia, pode durar um mês, pode durar um ano. Talvez ocorra uma breve interrupção do matrimônio, com muita dor e lágrimas por todos os lados.

Não se anime. Na maior parte dos casos, o Casado Infiel recuperará o juizo, "renunciará ao Prazer" (= você) e voltará ao Respeito (= a esposa). Neste momento, invariavelmente ocorrerá uma conversa. Você vai chorar e perder a noção, ele se comoverá com o seu sofrimento. Ele dirá que te adora. Fará você entender que é uma mulher muito especial. E no fim da conversa, ele dirá em tom solene:

- Se cuida.

Que qualquer pessoa menos imbecil do que você traduziria como:

- Se cuida porque eu não vou te cuidar.
- Dá licença que vou cuidar da minha mulher.
- Vê se não fica histérica e começa a ligar lá em casa.
- Se recupera logo que tem uma fila de Casados Infiéis precisando se animar.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Separadas Filhas de Separadas: perpetuação da espécie ?

Em uma das reuniões preparatórias de nossa empreitada literária, regada a muitos alcoóis, deparamo-nos com o seguinte fato curioso: as 4 somos filhas de Separadas. Pusemo-nos a questionar se haveria algum tipo de relação científica (ou esotérica, ou sociológica) entre os nossos destinos e os de nossas progenitoras. Aumentando a amostragem de nossa Survey , constatamos que o fenômeno da Separada Filha de Separada (SFS) repete-se com enorme frequência.

ENQUETE

1) A qual principal fator você, leitora, atribui o fenômeno SFS ?

a) Carma familiar
b) Burrice hereditária
c) Inteligência hereditária
d) Síndrome Hereditária da Queima do Sutiã (ou Maldição do Feminismo da década de 60)
e) Síndrome Hereditária do Amor Livre (ou Maldição do Cogumelo da década de 70)
f) Outros (favor especificar)

2) Você acha provável que as filhas das SFS também se separem ?

a) sim
b) não
c) as filhas das SFS nunca se casarão
d) Outros (favor especificar)

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Análise Combinatória

Agora que você já conhece diversas Categorias das Separadas, eis aqui um exercício para sua sexta-feira:

1) Pegue uma folha de papel em branco.
2) Desenhe uma tabela.
3) Escreva as Categorias na linha superior horizontal e na linha vertical do lado esquerdo.
4) Divirta-se cruzando as células horizontais com as verticais (análise combinatória).
5) Crie você mesma a descrição das categorias híbridas. Separada Trouxa com Filhos. Separada com   Filhos Caçadora. Separada Caçadora Culpada. Separada Abandonada Culpada. Separada Trouxa Abandonada. E assim por diante.
6) Tente descobrir a qual categoria pertence.
7) Agora que você economizou o equivalente a uma sessão de análise, vá ao supermercado e compre uma garrafa de vinho Marques de Riscal, presunto cru Pata Negra e queijos importados.
8) Volte para casa, beba e coma tudo sozinha.
9) Agora que você economizou o equivalente a outra sessão de análise, e é certo que está bêbada, dance uma Rumba e descanse em paz.

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

A Separada Abandonada

É mais raro, mas acontece. Sabemos que na grande maioria dos casos é a mulher que opta pela separação; no entanto, há aquelas que foram abandonadas. Estas sofrem em dobro: pelo fracasso do casamento e pelo ego despedaçado. A reconstrução da vida da Separada Abandonada leva mais tempo, já que durante muitos meses ou anos ela patina no rancor, na auto-piedade e no ciume de sua sucessora - se houver.  A Separada Abandonada com Filhos corre inclusive o risco de torturar sua prole, competindo com o ex-marido e denegrindo sua imagem. Há as altivas exceções, que diante dos filhos mantêm uma inabalável aura de respeitabilidade. Às Separadas Abandonadas prestamos nossa solidariedade, e em coro repetimos o mantra de sua libertação: foi melhor assim.

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

A lama

Toda separada que se preze conhece A Lama; afinal, é um estado depressivo bastante comum à classe. Seu nome científico, utilizado mundialmente em pesquisas sérias e papers internacionais, é LAMMA: o Lamento Amargurado da Mulher Mal-Amada. Posso dizer, com o rigor científico que me cabe, que 99,99% das separadas já passaram por um período de lama profunda. Entre as lamas conhecidas e estudadas por esta equipe de quatro experts, destacamos a lama sazonal, a lama crônica, a lama episódica e a lama pontual. Dentre essas divisões, temos alguns estágios: a lama inicial, a lama propriamente dita, e a lama profunda. Acho que deveríamos adotar a sabedoria dos menus de restaurantes com temperos apimentados e: 1- Adicionar de uma a três gotinhas de lama ao lado da ficha de cada pretendente. 2 - Torná-la disponível na uoude uaide wébi. Assim deixamos as futuras coitadas previamente avisadas! Não é uma grande idéia?

domingo, 12 de setembro de 2010

A Separada com Filhos


A SCF é uma malabarista chinesa equilibrando pratinhos. Sua grande vantagem é também sua maior desvantagem: está sempre acompanhada. Sente-se menos só, pois compraz-se na companhia dos filhos, mas tem mobilidade restrita. As SCF falidas (com o perdão do pleonasmo) vivem em habitações pequenas, que geralmente não dispõem de dependências para a criadagem, e portanto não podem contar com babás que durmam no serviço. Se for uma Separada com Filhos Trouxa, talvez não tenha nem dinheiro para uma faxineira. Por isso a SCF malogra nas tentativas de entabular novos relacionamentos: evita trazer namorados recentes para casa, e nunca está disponível para ir à casa deles. Só é possível namorar uma SCF mediante agendamento prévio. Nada de arroubos românticos, do tipo "passo aí em meia hora", pois isso pode se tornar uma operação de guerra. Se o candidato a namorado for jovem, tentará competir em pé de igualdade com as crianças. Se também for separado com filhos, talvez a SCF passe o fim de semana cuidando de todas as crianças enquanto ele assiste o Brasileirão. E se ele ainda não tiver filhos, provavelmente fará de tudo para emprenhar a coitada, aumentando a prole e transformando-a numa potencial SCMF (separada com muitos filhos). 

sábado, 11 de setembro de 2010

delírios finais

Já que esse é um blog tão variado, me sinto mais ou menos à vontade para contar um sonho (ou delírio?) recorrente nos meus últimos dias de casada.
Como estou quase sempre mais ou menos à vontade, é como se eu estivesse realmente à vontade.
Esse sonho (delírio?) se repetiu em várias versões, todas registradas: anotadas e desenhadas, algumas mais sombrias, outras psicodélicas, outras até um pouco eróticas (eu e o garçom... um dia conto esse, foi muito gostosinho).
Então lá vai minha primeira participação por aqui, direto do meu diário.

"Minha cabeça era um aquário. Um grande e imundo aquário de água salgada. Pelo limo do meu olhar translúcido, via-se lá dentro o enorme peixe pré-histórico que nadava lentamente de um lado para outro procurando uma saída. Era um peixe não-vivo.
Ele demorou um pouco para sair de mim, e depois ainda habitou a casa por vários dias, flutuando no ar gorduroso que vinha da cozinha, comendo a poeira que se acumulava sobre os livros. Foi ficando muito brilhante e cheio.
(...)
Em movimento lento, constante, irritante, quase mortal ele saiu pela janela, saiu de quadro, deixando um céu azul leitoso e todo aquele resíduo de sal sobre os lençóis.
Ao mesmo tempo que subia reluzente, duro e imbatível, feito um peixe futurista, deixava um mundo devastado, sem conquistas, sem palavras."

Um bom programa para o sábado

Como este é um blog muito dinâmico, inauguramos aqui mais uma seção: a de recomendações cinematográficas e literárias.
Hoje é sabadão. Se você for uma Separada com Filhos, talvez não possa sair de casa. Se você for uma Separada Caçadora, talvez precise de pelo menos uma noite de descanso. Se você for uma Separada Culpada, certamente precisa chafurdar um pouco mais na lama. Então passa na locadora, compra um balde de sorvete, pega a colher de sopa, prepara os lencinhos e vem comeeego !!!! (homenagem a Katy):


KRAMER VS. KRAMER


Título original: Kramer vs. Kramer
Gêneros: Drama
Tempo: 105min
Ano: 1979


Sinopse: Ted Kramer (Dustin Hoffman) é um profissional para quem o trabalho vem antes da família. Joanna (Meryl Streep), sua mulher, não pode mais suportar esta situação e sai de casa, deixando Billy (justin Henry), o filho do casal, com Ted, que tudo faz para poder educá-lo, trabalhando e fazendo as tarefas domésticas. Quando consegue ajustar seu trabalho a estas novas responsabilidades, Joanna reaparece exigindo a guarda da criança. Ted porém se recusa e os dois vão para o tribunal lutar pela custódia de Billy.

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

A Separada Caçadora ou "A fila anda!"

Mais uma para as categorias da separada:


A separada caçadora é aquela que, desde o triste fim de seu casamento, começou a ver o lado bom da vida. A solteirice cai-lhe como uma luva e a palavra compromisso causa-lhe urticária. Seus momentos de solidão são logo resolvidos por um telefonema.


A logística da vida de uma separada caçadora é muito complexa. Por trabalhar com uma grande variedade de "fornecedores", é fácil atrapalhar-se aqui e ali em questões da vida cotidiana. Quando você não sabe quem você convidou para o show de sexta, para quem contou aquela história triste de infância, ou com quem foi ao cinema na quarta-feira, você está vivendo um dos maiores dramas da SC.


A separada caçadora é o terror das casadas, que a consideram uma ameaça. Muitas vezes, ela o é. Um dos perigos de ser um SC é alienar as fêmeas comprometidas, que nunca irão à cozinha buscar uma nova garrafa de vinho enquanto uma SC e o marido conversam na sala.


Apesar do aparente glamour, há algo de desesperado na separada caçadora. A juventude que a abandona, aliada à desilusão causada pelo casamento falido, transforma a sua vida em um "salve-se quem puder" libidinoso. A vida libertina dá-lhe satisfação momentânea, mas sofre às vezes pela falta do amor profundo. A dualidade da separada caçadora se dá nos inconciliáveis desejos pelo estímulo constante da diversidade e pela tediosa tranqüilidade da relação estável. Nessa questão, a SC opta pelo campo de batalha, ciente de que a plena felicidade conjugal é, para ela, alvo inalcançável.

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

"Se eu não fosse casado, me casaria com você".
Acho que mandarei gravar esta frase no meu túmulo.

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

A Separada Trouxa

Parte de nossa atividade de pesquisa foi dedicada à difícil tarefa de categorização das Separadas.


Inauguramos aqui a nova seção, discorrendo sobre as agruras da SEPARADA TROUXA.
A separada trouxa (ST) caracteriza-se por uma tendência patética à compreensão excessiva, que beira a insanidade. Como a própria denominação diz, sai do casamento sem nada levar de seu - ou quase nada, apenas as coisas sem valor. Só não abre mão dos filhos, caso os tenha. Deixa o carro para o ex-marido, pois ele "vai precisar mais". Aceita que o ex-marido fique na sua casa com seus filhos como se ainda morasse lá, e não reclama quando o carcamano toma banho e deixa pentelhos no sabonete. Trata bem as namoradas do ex-marido. Não o manda à puta que o pariu se ele passa quinze dias sem telefonar para os filhos, apenas envia um torpedo polido pedindo que dê sinal de vida. Não recebe um tostão de pensão, e não recorre às garras da lei para "não criar uma situação desconfortável". Sabe-se de uma que dava dinheiro ao ex-marido para que ele levasse as crianças ao circo no final de semana, pois nem para isso ele tinha. A ST compreende que o ex-marido está sempre numa situação difícil, por isso não se acanha em afundar-se em dívidas para sustentar seus filhos absolutamente sozinha. Há umas poucas que reconhecem que esta situação é uma vergonha, mas "é tão desgastante brigar" que fica tudo por isso mesmo. No fundo a Separada Trouxa é uma arrogante, que morre afogada na merda mas não pede ajuda a ninguém. 

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Este pode ser o seu futuro, minha filha

ONG ministra curso para ajudar mulheres traídas
Matheus Magenta, de Salvador

Mulheres de Salvador traídas pelos maridos ou companheiros, que deixaram a carreira de lado durante o relacionamento que terminou, terão agora cursos de capacitação para voltar ao mercado de trabalho.
Há capacitação em culinária, maquiagem, hotelaria, artesanato e fabricação de perfumes e colônias. A ideia de criar cursos específicos para mulheres traídas surgiu por uma demanda das próprias pessoas atendidas anteriormente pela ONG _a maioria de baixa renda, com sérias dificuldades financeiras após a separação. As alunas contarão também com atividades para melhorar a autoestima, como uma oficina de beleza com dicas de maquiagem e moda, e orientações de nutricionistas e endocrinologistas.
A cabeleireira Sandra Teixeira, 29, se inscreveu nos cursos de maquiagem e massagem terapêutica. Mãe de uma menina de cinco anos, ela se separou do marido após descobrir que ele tinha um caso com outro homem.

É por isso que eu planejo a minha aposentadoria lésbica, minha gente.

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

estética

A S2 não tem palavra, disse que daria um jeito no desáini disso aqui e até agora nada...
Esse fundo de papel reciclado tá bem baranga, não ?

As Mentiras que as Casadas Contam

AMCC 1:

"Sou casada há dez anos e o sexo só melhora".
Ora, faça-me o favor.

domingo, 5 de setembro de 2010

V.A.4

Sexo com o mesmo parceiro melhora com o tempo, até começar a piorar.

V.A.3

Todo casado é um Casado Infiel em potencial (inclusive nossos ex-maridos).

o tédio e a demência

Gostaria de chamar a minha estimada S1 ao palco (palmas, palmas) para que ela explique aos nossos três leitores a sua teoria sobre O Tédio e A Demência.
Aqui estou, S1! Não reclame mais que eu não escrevo no blog.

Acordei hoje pensando, após noite regada a álcool e rímel à prova d'água, que a nossa quilometragem deveria nos dar um pouco mais de sabedoria, não? Quantas vezes já não nos dissemos: FUJA DO CASADO INFIEL!!! E, no entanto, S4 caiu no canto da sereia. É verdade que nunca se sabe quando vai se encontrar um Casado Infiel por aí, pois eles têm inúmeros disfarces, mas, uma vez descoberto e catalogado, toda separada que se preze deve empedernir o coraçãozinho já muy enxovalhado e dar um chute na buzanfa do indivíduo.

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

V.A.2

Encare de frente: não há a menor chance do "amigo do sexo descompromissado" te fornecer algo além de ... sexo descompromissado.

V.A.1

Encare de frente: cedo ou tarde, a academia fará parte da sua vida. Não a de Letras. Aquela da rodinha do hamster.

domingo, 22 de agosto de 2010

Amnésia

Um mês ou dois após a separação, as separadas são acometidas de uma súbita amnésia, que pode levar ao arrependimento. "O que foi que eu fiz?", perguntam-se, atordoadas. É então que nós, munidas de um espanador para polir vossas memórias desgastadas, cochichamos ao pé do ouvido:
- Sexo por dever conjugal. Antes de dormir.
Uma das diferenças entre a Separada e a trintona encalhada é que, para a primeira, já se dissipou o véu da ilusão. Não que a Separada não esteja sujeita ao assédio dos oportunistas - pelo contrário, é presa fácil desta categoria de hominídeos. Mas um certo cinismo adquirido faz com que  ela consiga se livrar do traste com espantosa rapidez. Coisa de um ano, ou dois.

sábado, 21 de agosto de 2010

Nosso diferencial

Urge esclarecer. A Separada nunca esteve bem representada nos meios artísticos e de comunicação. Somos uma categoria muito específica.

Isso aqui não tem nada a ver com trintonas encalhadas, e nem com mulheres maduras que vivem em metrópoles e se dividem entre o sexo e o trabalho. Nossas peculiaridades serão explicitadas em breve. Não percam.

Postagem inaugural

Pois muito bem. A que viemos ?

Somos quatro amigas separadas, escrevemos direitinho, precisamos de dinheiro (postagens posteriores revelarão que a falência é uma característica comum a determinadas categorias de Separadas). Pusemo-nos a escrever um livro, mas a preguiça e o excesso de tarefas nos impediram de prosseguir.

O estímulo final para começar este projeto foi um filme sobre uma mulher infeliz, que dá a volta por cima criando um blog tedioso. Olhamos aquilo e pensamos: que diacho, essa molóide passou um ano escrevendo sobre cozidos e panelas, e virou notícia no niórquitáimes. Não podemos ficar de braços cruzados.

É claro que nossa empreitada só atingirá seu objetivo se o blog virar livro, filme, mini série, cada um deles traduzidos para muitos idiomas e com muitas seqüências (o trema caiu, mas não me acostumo). Afinal toda a receita deverá ser dividida por quatro. Então divulgue, companheira, divulgue para todas as separadas que conhecer. Aposto que são muitas.