domingo, 17 de outubro de 2010

O reencontro

O reencontro de uma separada com o ex-marido pode ter sabores variados, indo do amargo ou do azedo ao simples insosso (como se estivéssemos em uma breve e anacrônica continuação do casamento, vejam bem). Raramente é doce, digo-lhes. E só em casos raríssimos, porém devidamente relatados na literatura científica, teremos um reencontro apimentado. Enfim, este último não foi o meu caso.

Eis que encontro o meu ex numa situação social levemente embaraçosa: o casamento de um amigo comum. Ele, acompanhado da nova namorada; eu, acompanhada de uma taça de champagne. Tim-tim! Vamos sorrir? É, colegas separadas, nessas horas eu acho que a gente deveria fazer uma corrente de oração para todas as separadas do mundo que têm de passar por esse tipo de situaçon.

Mas, retomando o assunto... o caso é que, durante a cerimônia, não pude deixar de notar como eu e meu ex não tínhamos absolutamente nada em comum. Como ficamos uma década juntos? No que se baseou todo aquele tempo? Ele sempre dançou tão mal? E o sexo nem era assim, como dizer, de tirar o fôlego, se é que as senhoritas me entendem. Daí, sutilmente, dei uma olhadela na namorada, e a certeza me veio como uma epifania: sim, eles foram feitos um para o outro. Um para o outro, querida. E então, com a mesma inspiração divina, entendi que eu só encontrarei a minha verdadeira cara-metade se fizerem um clone do Paul Newman com o cérebro do Nabokov. Enquanto isso não acontecer, estarei me divertindo por aí.

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