sábado, 25 de dezembro de 2010

Um Conto de Natal 2/3

Depois das três horas passadas no hospital, A decidiu que daria queixa na polícia. Meu pai, homem vivido e experiente, perguntou tranquilo: tem certeza ? Ao que ela respondeu bradando "sim, claro que sim, eu não poderia passar nem mais um minuto ao lado desse animal". Ísis e B engrossaram o coro, fazendo discursos sobre a injustiça e a covardia, e meu pai dirigiu o carro complacentemente até a delegacia da mulher. B entrou na delega de mãos dadas com A, havia um clima de romance e cumplicidade no ar. A disse: "se não fosse você acho que estaria morta". B respondeu: "Tenho certeza disso." Uma hora e meia depois o depoimento de A estava pronto, mas o sistema caiu e tudo teve que ser refeito. Enquanto transportamos A para fazer o exame de corpo delito no IML, B dava seu valente testemunho na delega, ressaltando as duas paradas cardíacas sofridas por A e sua habilidade nos procedimentos de ressurreição.

A estas alturas o remédio já fazia efeito, e A fumava feito uma chaminé, muito nervosa. De meu celular, telefonou para a mãe do agressor e informou: "seu filho tentou me matar. Dei queixa na polícia. Ele vai ser preso". Esta senhora deve ter tido um belo Natal, não é mesmo ?

Depois de seis horas de procedimentos, entramos todos no carro e retornamos ao vilarejo.

(continua, ainda...)

Nenhum comentário:

Postar um comentário