O AB1 era da área das artes cênicas. Achava-se o máximo e dizia isso. Em um dos primeiros encontros, disse-me seriamente: "S3, eu sou muito inteligente". Haha, é verdade. Burra sou eu que saí exclusivamente com ele por dois meses. O AB1, tal como o AB2, dizia ser um espírito livre. E achava-se tão bom, tão incrível, que qualquer concessão que ele pudesse fazer ao meu desejo era uma agressão à sua extraordinária natureza. Quase um ultraje eu esperar que ele pudesse ir CONTRA ELE MESMO e fazer algo POR MIM.
Ele tinha o que eu chamava de Síndrome das Terças e Quartas. À época, nesses dias da semana, ele trabalhava em uma peça com personagens drogados e viscerais, e, como ATOR , ele não conseguia livrar-se do personagem muito facilmente. Tornava-se indomávelzzzzzROINC. Ao ponto de sumir no meio de uma festa pra qual ele tinha me convidado e me deixar sozinha, até que eu resolvesse finalmente deixar o recinto.
Bom, a história não durou muito. Depois de ouvir vários "Gata, já estou te avisando que não quero namoro", "Gata, eu não quero estar em uma relação. Não sei por que tenho saído tanto com você" (vale notar que ele me ligava di-a-ri-a-men-te), e receber ligações bêbadas às 6h da manhã (a festa devia estar ótima, nean?), eu comecei a enrolá-lo, sumir e sair com outro (o AB2). Quando ele descobriu isso, proferiu consternado a seguinte frase: "Não entendo. Nós éramos um CASAL muito FODA." Heim? Cuma? Casal? Vá se ferrar.
No entanto, o meu novo eleito, que me pediu em casamento e quer ter filhos comigo, também tem MUITOS defeitos. E partilha da mesma Síndrome que acomete o AB1: A Síndrome de Peter Pan.
Breve, em uma postagem Psicanálise 1,99 perto de você.
um comentário "Psicanálise 1,99": veja bem, AB1 e AB2... percebe uma repetição de padrões aí por parte da protagonista?
ResponderExcluirQuando leio este blog sempre tento definir as características de cada uma das 4: S1, a mulher moderna e independente; S2, a sonhadora e artista; S3, o espírito livre e juvenil do grupo; S4, a moça de família tradicional em conflito consigo mesma.
ResponderExcluirVejo, apesar do que escrevem, que nenhuma é cínica. E vejo, apesar do que escrevem, que todas levam seus relacionamentos a sério.
Por isso, S3, pergunto: esses homens narcisistas que você escolhe, esses eternos Peter Pans, não são o que você gostaria de ser caso tivesse o egocentrismo necessário para tal?
Sagaz leitora: voltei à análise para descobrir isso. Te deixarei informada.
ResponderExcluirAh, essa mania de achar que todos os comentaristas anônimos deste blog são leitorAs... tsc, tsc.
ResponderExcluirAnônima(o) 2,
ResponderExcluirdiria que você acertou em boa parte dos nossos perfis psicológicos. No meu, acrescentaria a palavra mãe, que a essas alturas já é definidora da minha essência. E você tem razão, não somos cínicas....
Ah, os narcisistas-espíritos-livres-que-não-querem-um-relacionamento! Que enchem a boca para dizer que não precisam de ninguém porque são "espíritos livres" mas contam conosco, em nossos surtos de falta de amor próprio, para suprirmos suas carências afetivas sem esperar nada em troca. Que nos ligam a uma da manhã convidando-nos para seu apartamento de solteiro mas que consideram qualquer convite de nossa parte como pressão inaceitável a um relacionamento aberto. Afinal, como sabiamente disse S3, qualquer concessão seria uma agressão à natureza dele. Mas que também se ofendem ao serem tratados como um pedaço de carne e ao ouvirem que "nós nunca daríamos certo juntos".
ResponderExcluirEsses seres ignóbeis nos economizariam anos de análise se conseguissem aceitar que precisam mais de terapia do que nós jamais iremos precisar. Enquanto isso não acontece, vou eu para a psicóloga tentar minimizar os danos causados pelo Peter Pan que deixei entrar na minha vida e que acaba de encontrar uma pessoa que "tem mais a ver" com ele - sem, no entanto, me dispensar. Afinal, vai saber se vai dar certo com a outra...
P.S.: finalmente consegui colocar um ponto final nessa novela -não tão final quanto gostaria, pois o trabalho me impõe encontrá-lo todos os dias. portanto, agora somos "só amigos". mas não admitirei recaídas.