sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Carta da Leitora

Recebemos mais uma colaboração de nossas leitoras!

"Queridas colegas,

Sou fãzoca desse blog e resolvi então compartilhar com vocês as agruras de uma separada trouxa.
Sou uma moça reservada e considerada por amigos e familiares como uma pessoa séria. Sempre levei minha vida sozinha, com poucos e bons amigos a uma distância segura e nenhum familiar por perto. Gosto das artes e me arrisco na música amadoramente, mas sou essencialmente tímida e reservada (odeio gente intrometida). Bem, mas estou aqui pra contar a minha história de separada trouxa, não?
Estava eu no dentista quando conheci um homem - naquela altura - muito interessante. Ele definitivamente não era bonito. Tinha a cara amarrotada, óculos estranhos e usava uns suéteres péssimos, que denunciaram, depois, o mau gosto para cuecas. Ele, amigas S, era o que poderíamos chamar de Solteiro Crônico.
Tinha mais de quarenta anos, morava com os pais e com um irmãozinho muito mais novo. Tinha estudado em boas escolas, mas se achava muito mais inteligente do que realmente era.
Os anos de terapia vagabunda haviam-no convencido de que havia nascido para o sucesso e para paixão. Enquanto esperava sentado para que isso acontecesse, exercia o quadragésimo subemprego arrumado por algum amigo e botava a culpa em tudo e todos pelo seu insucesso.
Eu, amigas S, me apaixonei perdidamente pelo pobre rapaz (ele tinha potencial!) e abri meu coração, meu lar e muitas outras coisas para o este homem. Depois de meses de longos telefonemas, encontros mornos e cinemas, ficamos juntos e engatamos um namoro. Logo, ele mudou-se de mala e cuia para o meu apartamento e fiquei emocionada em doar meus ursinhos de pelúcia para liberar espaço no meu armário embutido pra suas roupas. Como ele nunca havia lavado, cozinhado e arrumado nada, assumi o papel de esposa sem crise e com uma certa dose de orgulho feminino.
A plena felicidade de casada não durou até o dia da feira. Ele não comia bananas e resolveu, então, considerá-las como parte do meu pagamento no montante da compra. E assim foi com o tomate, com as mangas, as flores comemorativas, o pastel. No restaurante por quilo onde almoçávamos aos domingos seu caráter se mostrava no prato: feijoada, lasanha, arroz, linguiça e salada misturavam-se em camadas no mesmo espaço. A Coca-Cola rachávamos, mas ele bebia mais. Ainda que eu comesse menos, dividíamos a conta meio a meio.
Mas o prato principal, a cama, a mesa e o banho de nosso casamento passaram a ser os problemas dele. E eram muitos, eram tantos! Ele, coitado, era sempre a vítima. Eu, resiliente, achava que poderia convertê-lo. Juro, ele tinha potencial para ser um querido! Mas na cama, amigas, a coisa foi piorando.
Ele, além de não ser bem equipado, definitivamente desconhecia geografia feminina e se achava tão excitante que dispensava preliminares. Eu sofria. Muito. Achava que eu não era bonita, que não o atraía. E fiz um tanto de mandingas e simpatias para convencê-lo a se entregar.
Depois de um ano e meio de casamento, ele teve uma crise nervosa. Desligou o celular e me deixou um bilhete: "vou me encontrar, preciso de um tempo, não se preocupe". Depois de me descabelar e gastar todos os créditos do meu celular com mensagens de amor, perdão e ódio, eu dormi. Por dois dias. E fui trabalhar como um zumbi na semana seguinte.
Uma semana depois, ele me mandou um email confuso no qual me culpava de tê-lo arrastado para minha vida à força. Chegou a essa conclusão depois de ir consultar uma senhora vidente, que recomendou uma desintoxicação emocional. Eu era muito carregada, de acordo com ela. E como era: carregava sozinha aquela criatura nas costas!
Sofri, chorei.. E, aos poucos, fui me reerguendo. Ocupei as gavetas vazias com roupas novas. E passei a desconfiar de qualquer homem com mais de 30 anos que nunca tenha tido um relacionamento sério. É isso, amigas S! Espero ter colaborado com outras mulheres na mesma situação que nós! Separadas pride!"

3 comentários:

  1. e você ainda suportou um ano e meio de casamento com esse traste? olha... isso é que amor.

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  2. Adorei seu texto, é realmente complicado se envolver com gente assim, mas com mt força e boa memoria aprendemos a n mais cair nessa cilada, n é mesmo?
    Beijos e continue assim!

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  3. Hahahá! Você não queria ser esposa e nem amante, só queria ser mãe! Que bonito!
    E o mané é uma criança!

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