domingo, 7 de novembro de 2010

Comer, Rezar, Amar

O filme já vai sair de cartaz, mas ainda assim vale uma postagem, dada a afinidade do tema com nosso blog. Minha intenção era fazer uma resenha, mas não vale a pena dizer o que todos já sabem: Comer, Rezar e Amar é um lixo do começo ao fim. Trata-se da história de uma escritora americana que perdeu a alegria de viver e a capacidade de amar. Carregando a culpa de um divórcio, empreende uma jornada de auto-conhecimento de um ano pela Itália, Índia e Bali. Aprende a comer carboidratos, a meditar e a nadar sem nunca aparecer de biquini diante das câmeras. E finalmente reencontra o amor.

O que mais me chamou a atenção foi o fato de alguém ter dinheiro suficiente para tirar um ano sabático. Todas nós sabemos, queridas leitoras, que na vida real isso é quase impossível. Por isso, muito mais útil do que fazer uma resenha é adaptar as dicas preciosas daquela auto-ajuda barata para a nossa realidade. Afinal, a autora mala sem alça é americana, e nós ... bem, somos brasileiras, aprendemos mais rápido.

Você, separada culpada e assalariada, tem direito a no máximo um mês de férias. Considerando sua falência, venderá pelo menos dez dias. Sobram três semanas, uma para cada fase de sua jornada de auto-conhecimento.

Como a viagem à Itália está longe de ser pagável, sugiro que alugue um quarto numa casa de família na Mooca. Escolha uma bastante numerosa, e mergulhe de cabeça no macarrão, no vinho e na espontaneidade. Em uma semana dá pra ganhar alguns quilos (segundo o filme, isso faz parte da terapia).

Segundo estágio: Índia. Na avenida Angélica existia um templo Hare-Krishna que eu costumava visitar aos domingos, talvez ainda esteja por lá. Passe algumas horas ouvindo aqueles cânticos de enlouquecer, coma uma comida com bastante curry, vista umas roupas cor de salmão e saia vendendo incenso pela cracolândia, onde abundam crianças miseráveis, assim como em Calcutá. Nesta etapa, você supostamente despertará sua religiosidade adormecida.

Semana três: Bali. Essa vai exigir um esforço um pouco maior de sua imaginação. Pegue um ônibus e desça até Mongaguá, ou, se os Hare Krishna tiverem depenado suas últimas reservas, vá até a represa Guarapiranga. Não esqueça de levar a canga de batik pra se sentir naquele clima balinês quando sair do banho de "mar". No filme, Julia Roberts encontra um velho xamã desdentado que lhe ensina tudo sobre o equilíbrio interior. Vai ser bem fácil achar um velho desdentado na Zona Sul profunda, e é certo que ele terá muito a te ensinar. Se joga.

No fim do filme, Julia recupera a coragem para o amor graças a um brasileiro amável, bom pai, divorciado, divertido e romântico, que era o Javier Bardén com cara de saco cheio por estar naquela produção de quinta. Achar um brasileiro vai ser moleza, mas se ele for parecido com o Javier não esqueça de me passar o telefone pra eu publicar aqui no blog.

Agora só depende de você. Vai ser feliz, gata.

3 comentários:

  1. Só reforçando um detalhe certeiro: a Itália do filme está hoje muito mais na Moóca mesmo, do que propriamente lá, vide Berlusconi traçando ninfetas tailandesas de 15 anos, xenofobia e um país quebrado que dá medo (e por consequência uma dose extra-cavalar de mau humor típico)

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  2. tive as mesmas impressões suas quanto ao filme. não li o livro, embora algumas amigas minhas o defendam.
    vou ler "beber, jogar e fuder", talvez seja menos piegas e mais interessante.
    parabéns pelo blog

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  3. "beber, jogar e fuder" será, de fato, muito mais interessante.

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