sábado, 11 de setembro de 2010

delírios finais

Já que esse é um blog tão variado, me sinto mais ou menos à vontade para contar um sonho (ou delírio?) recorrente nos meus últimos dias de casada.
Como estou quase sempre mais ou menos à vontade, é como se eu estivesse realmente à vontade.
Esse sonho (delírio?) se repetiu em várias versões, todas registradas: anotadas e desenhadas, algumas mais sombrias, outras psicodélicas, outras até um pouco eróticas (eu e o garçom... um dia conto esse, foi muito gostosinho).
Então lá vai minha primeira participação por aqui, direto do meu diário.

"Minha cabeça era um aquário. Um grande e imundo aquário de água salgada. Pelo limo do meu olhar translúcido, via-se lá dentro o enorme peixe pré-histórico que nadava lentamente de um lado para outro procurando uma saída. Era um peixe não-vivo.
Ele demorou um pouco para sair de mim, e depois ainda habitou a casa por vários dias, flutuando no ar gorduroso que vinha da cozinha, comendo a poeira que se acumulava sobre os livros. Foi ficando muito brilhante e cheio.
(...)
Em movimento lento, constante, irritante, quase mortal ele saiu pela janela, saiu de quadro, deixando um céu azul leitoso e todo aquele resíduo de sal sobre os lençóis.
Ao mesmo tempo que subia reluzente, duro e imbatível, feito um peixe futurista, deixava um mundo devastado, sem conquistas, sem palavras."

Um comentário:

  1. Finalmente você chegou, S2 ! Deu uma cara decente pra isso aqui, e fez o único post poeticamente respeitável do pedaço.

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