En bref: diverti-me acompanhando os debates do mundo do balé a respeito da veracidade ou não do retrato cinematográfico. Uma revista semanal chegou a convidar duas diretoras de companhias de dança para emitirem suas opiniões. A dança é assim, a dança não é assim, blablabla.
Ora, senhoras e senhores, em verdade vos digo: Cisne Negro não é um filme sobre balé. É um tratado sobre a HISTERIA.
Percorri diversos sites em busca de uma definição simples do transtorno, que pudesse esclarecer os (as) queridos (as) leitores (as). Aliás, fiquei horrorizada com a falta de domínio da língua portuguesa apresentada pelos estudantes de psicologia. Encontrei diversos artigos de professores e formandos, muitos dos quais repetiam o mesmo trecho, originado Deus sabe onde. Eis aqui a versão da Página de Freud, de Maria Helena Rowell, que me pareceu a melhor e mais sintética:
A histeria é uma psiconeurose cujos conflitos emocionais inconscientes surgem na forma de uma severa dissociação mental ou como sintomas físicos (conversão), independentemente de qualquer patologia orgânica ou estrutural conhecida, quando a ansiedade subjacente é 'convertida' num sintoma físico.
- Mas se o filme não é sobre balé, por que então escolheram o balé para desenvolver o tratado ? - perguntarão os(as) leitores(as) mais sabichões(onas)...
Ora, porque para ilustrar a histeria precisamos, classicamente, de uma mulher. Jovenzinha. Reprimida. Que use o corpo para manifestar a ansiedade subjacante. E isto combina muito com uma bailarina bulímica cuja mãe saiu de algum filme de terror.
A grande inspiração do diretor (ou do roteirista, ou dos dois, que podem inclusive ser a mesma pessoa) foi contextualizar tudo no dilema da artista que não consegue transcender o formalismo excessivo para extravasar sua subjetividade. Ora, tome uma mocinha reprimida, confronte-a com um diretor visivelmente bem dotado, que repete à exaustão que ela precisa se liberar. O que acontece ? Ataques de histeria dissociativa, com a típica oscilação entre o comportamento angelical e esfregações de animal no cio. Ou, em outras palavras: um filme de terror psicológico. De quebra, a gente ganha umas cenas de homossexualismo feminino que não são de se jogar fora. E de vez em quando umas cenas de balé.
Recomendo.
Moral da história: sexo faz bem à saude física e psíquica. Pratiquem.
Ih...tava mais pra psicose, heim...
ResponderExcluirCara Fernanda,
ResponderExcluircomo sou uma psicanalista de 1,99 consultei o oráculo e descobri que, de fato, as semelhanças e diferenças entre os dois transtornos (psicose e histeria) são objeto de debate nas mais altas esferas acadêmicas, tendo gerado artigos, teses e cursos, tais como : "Histeria e Psicose - uma disjunção necessária", cujo objetivo era "estabelecer os fundamentos que permitam distinguir os dois tipos clínicos, confundidos muitas vezes através das manifestações fenomênicas". Descobri, inclusive, que o diagnóstico de psicose histérica já foi bastante comum, mas atualmente é questionado. Então deixa eu achar que pelo menos bati na trave, vai !
Alô S1! Aqui despeitada única, câmbio.
ResponderExcluirNão assisti o filme em tela (!), mas já havia lido alguns comentários e gostei muito da sua análise. Gostei mais ainda da moral da história.
Concordo com vc que sexo faz bem à saúde, se feito com espontaneidade.
Estou há algum tempo sem praticar o exercício por absoluta falta de opção. Juro! Não estou histérica, nem psicótica, apenas um pouco neurótica como todos nós. Não estou sofrendo por falta de sexo também. Talvez a idade me permita essa libertação. Mas vejo a Elza Soares, Susana Vieira e Ana Maria Braga dando tantos depoimentos de necessidades, que cheguei a achar que estava com algum problema.
Felizmente (ou infelizmente), o único problema é falta de pretendentes que mexam com minha libido.
Estou chegando à conclusão que terei que pendurar as chuteiras! Que pena, por gosto bastante do esporte.
C'est la vie... obrigada pelo desabafo.
beijinhos
desculpe-me. onde escrevi assisti o filme, leia-se assisti ao filme.
ResponderExcluirtks, bjs
S1,
ResponderExcluirMuch better achar que é psicose, pra disfarçar as inevitáveis, tristes e surpreendentes (aham...) identificações que rolam com a pobrezinha da Natalie Portman quando a gente (ahn?) vê o filme.
hehehe...
Para uma psicanálise 2,00, fui ler sobre relação especular, em lacan. Tudo está ali.
Filmão.