sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Zipi

Olhando meu ex-marido saindo depois de uma breve e amigável visita, tive certeza de que ele é muito melhor que Zipi, infinitamente melhor, porém, eu e Zipi não fomos, não somos e nunca seremos casados.

Zipi ligou agitado no meu celular, dizendo que estava vindo do trabalho (braçal), suado e cansado, e como passava quase em frente à minha casa resolveu dar uma parada. Respondi fingindo estar muito ocupada, assustada com a surpresa, quase indignada, afinal, de forma alguma eu abriria o portão, não queria vê-lo suado e cansado, ele que fosse primeiro para casa se recompor, tomar um banho, pôr uma linda camisa branca, e depois voltasse. Não olhei nem pela janela.

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Enquete

Pessoal,

tenho uma pergunta importante a fazer: vocês sempre postam comentários anônimos porque querem permanecer anônimas ou trata-se de algum problema de configuração ?

domingo, 26 de dezembro de 2010

desequilíbrio emocional

Meu conto de Natal é uma frase. (Como um conto pode ser uma frase sem ter sido ainda um mini-conto ou mesmo um parágrafo?) Apenas uma cena que achei comovente, porque sou uma separada trouxa maníaco-sonhadora e um pouco covarde.
No caixa do Wal Mart vi uma família grande e muito simples na fila, atrás de mim, com seis garrafas de refrigerante Dolly e um bolo confeitadíssimo, cheio de flores e folhas coloridas emoldurando a frase escrita com letras rococó: "Feliz Natal!". (Acho que era essa, ou talvez "Feliz aniversário!" Não li até fim...) O pai olhava todo orgulhoso para o bolo enquanto tirava um mação de notas trocadas do bolso para pagar a conta. É só isso, só uma cena.

Sem dinheiro para pagar uma boa terapia

Sou uma separada trouxa, trouxa porque não antevi a barca furada na qual estava entrando, e isso era muito óbvio, as pessoas não mudam milagrosamente, e as esquisitices tão atraentes tendem a virar monstruosidades com a convivência.
Isso é também uma confissão, já que nos últimos dias de "casamento" eu nem conseguia mais me olhar no espelho, sentir meu próprio perfume, me escutar desabafando com os amigos.
(Coitados...)
Além disso, achei que seria lindo vivermos juntos: "papai, mamãe e filhinhos", mas as antigas expectativas e sonhos não desaparecem como se fosse mágica só porque você acha que está segura de suas escolhas... e olhando a "trouxisse" de uma separada por esse viés, continuo uma separada trouxa, cada vez mais trouxa.
Comecei escrevendo isso porque fico tentando achar uma categoria para esse tipo de separada, que depois de fugir da casa do ex-marido, fica em um tipo de transe que é como a potencialização retrógrada de sua vida antes do casamento, tentando descobrir alguma coisa que ela não sabe o que é. Uma busca fantasma que fica entre sonhos cada vez mais volumosos e sua vida boba, agitada e desorganizada.
Isso deve acontecer com algumas separadas em certo momento, mas o fato é que depois de alguns anos ainda estou aqui, presa nesse pontinho irritante.
Talvez seja uma separada trouxa maníaco-sonhadora e um pouco covarde, que carrega em sua bolsa cadernos de desenhos, de anotações, pedras coloridas, canetas, pincéis, guache branco, flores secas, sementes e muitos lixinhos e está sempre quase sendo atropelada na rua, recolhendo amostras do mundo para desdobrá-las quase em segredo.

sábado, 25 de dezembro de 2010

Um Conto de Natal 3/3

Durante todo o trajeto, A repousou a cabeça no colo de B. Entramos no vilarejo receosos, pois não sabíamos que fim havia levado o troglodita depois de ter sido espancado. Levamos A para nossa casa, e fomos chamar seu padrasto. Enquanto isso, o destemido B avistou o agressor no bar da família de A. Como faria qualquer espírito nobre e trouxa, chamou a polícia. O padrasto de A escoltou-a até o bar, onde se encontraria com seu agressor para conversar.

SUSPENSE. O que você, leitora, acha que aconteceu ?

Na manhã seguinte, A telefonou para contar o desfecho da história a minha boa e inocente madrasta. Segundo ela, o pobre jovem troglodita não se lembrava de nada do que tinha acontecido. Como mencionei antes, tratava-se de um rapaz de boa índole, que inclusive auxiliara o filho de A a livrar-se do pesadelo das drogas. Minha madrasta explicou que seria conveniente procurarem um psiquiatra, já que tais ausências poderiam denotar, por exemplo, uma psicose. A respondeu: "sabe, acho que vamos ficar juntos. Gosto tanto dele, e ele de mim. Tudo vai ficar bem."

Que bom que o espírito natalino abençoou este casal, não é mesmo ? Depois tem gente que não acredita em papai Noel.

PS: a polícia nunca chegou, ainda bem. B deve estar chutando latas pela praia. Não se preocupe, alma nobre, a estrela de Belém deve estar te reservando alguma boa surpresa !

MORAL DA HISTÓRIA: o amor tem razões que a própria razão desconhece, mas que A e Suzana Vieira conhecem muito bem.

Um Conto de Natal 2/3

Depois das três horas passadas no hospital, A decidiu que daria queixa na polícia. Meu pai, homem vivido e experiente, perguntou tranquilo: tem certeza ? Ao que ela respondeu bradando "sim, claro que sim, eu não poderia passar nem mais um minuto ao lado desse animal". Ísis e B engrossaram o coro, fazendo discursos sobre a injustiça e a covardia, e meu pai dirigiu o carro complacentemente até a delegacia da mulher. B entrou na delega de mãos dadas com A, havia um clima de romance e cumplicidade no ar. A disse: "se não fosse você acho que estaria morta". B respondeu: "Tenho certeza disso." Uma hora e meia depois o depoimento de A estava pronto, mas o sistema caiu e tudo teve que ser refeito. Enquanto transportamos A para fazer o exame de corpo delito no IML, B dava seu valente testemunho na delega, ressaltando as duas paradas cardíacas sofridas por A e sua habilidade nos procedimentos de ressurreição.

A estas alturas o remédio já fazia efeito, e A fumava feito uma chaminé, muito nervosa. De meu celular, telefonou para a mãe do agressor e informou: "seu filho tentou me matar. Dei queixa na polícia. Ele vai ser preso". Esta senhora deve ter tido um belo Natal, não é mesmo ?

Depois de seis horas de procedimentos, entramos todos no carro e retornamos ao vilarejo.

(continua, ainda...)

Um Conto de Natal

Apesar de hoje ser dia 25, superarei as dificuldades de escrever no telefone para compartilhar uma história que encheu de ternura o meu coração endurecido.

Sempre passo as Festas numa pequena vila de pescadores, que me lembra a série Twin Peaks (se você tem menos de trinta pesquise no gúgol). Às cinco da manhã do dia 24 fui despertada por uma algazarra: gritos de socorro de um homem que estava sendo espancado por três jovens pescadores bêbados. Como não tolero violência, vesti meu saiote de Poderosa Ísis, acordei meu pai e obriguei-o a ir até a praia ver o que estava acontecendo. Os três jovens bêbados explicaram que o espancado havia fugido, e que estava apanhando pois tentara assassinar a namorada (doravante denominada A) com suas próprias mãos. Minutos depois, A foi trazida por seu salvador (doravante denominado B), que encontrou-a desacordada e ferida. Ressuscitou-a com massagens cardíacas e respiração boca a boca.

Ísis e seu pai, que também é trouxa como ela, levaram A e B ao hospital da cidade mais próxima. Três horas depois, A saiu com onze pontos numa orelha, oito na outra e seis na bochecha. O agressor tentara arrancar estes pedaços da face de A com seus próprios dentes, e estrangulou-a até que ela desmaiasse. O rapaz de 25 anos, aparentemente de boa índole, havia ingerido quantidades excessivas de Caninha Pitu por ciúmes de A em relação a B.

Faço agora uma pequena pausa para descrever os personagens:

A - a típica cinqüentona problemática, outrora bonita, agora maltratada pelos excessos da vida, só se mete em encrenca, tem dois filhos (um drogado e um superdotado), não tem profissão, forever young, ligeiramente ninfomaníaca, filha dos donos do bar menos decadente do vilarejo.

O agressor - 25 anos, uma montanha de músculos, sem profissão, sensível ao álcool e a mulheres-problema.

B - engenheiro químico, bem intencionado, com noções de primeiros socorros, desprovido de beleza e trouxa.

(to be continued...)

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Origens de Tráfego

É muito divertido visualizar no blogger os caminhos que nossas leitoras percorrem para chegar até nós.

Alguém chegou ao nosso link escrevendo no gúgol a seguinte frase:

meu marido tem disfunçao eretil vou abandona lo

Compreensível, minha amiga, compreensível. Mas antes vocês podiam tentar um urologista e um terapeuta de casal. Porque talvez ele tenha outras qualidades, não é mesmo ???

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Boas Festas

A Separada Trouxa com Filhos se desgasta muito quando decide viajar em véspera de feriado. Como ela não tem carro - o que tinha ficou com o ex-marido, que também já não o tem porque deu perda total numa derrapagem -, viaja mesmo de ônibus. Ela trabalha incansavelmente para pagar contas, e não dá tempo de organizar a viagem comme il faut. Faz as malas uma hora antes de partir, momento em que constata que todas as roupas estão sujas, que a sunga do filho está rasgada na bunda, que acabou o protetor solar, que usa o mesmo biquíni há quatro verões. Vai jogando desesperada tudo na mala, sem discernimento e na certeza de ter esquecido algo. Deixa comida para o animal doméstico, tira o lixo, arruma as camas e reza para que a calha esteja MESMO limpa. Ruma para a Rodoviária carregando mala, bolsa, mochila, o filho e seu urso gigante. A rodoviária está lotada, faltam dez minutos, compra o lanche pra viagem, o celular toca, ela atende e fala enquanto vai ao banheiro, empurra a mala e grita NÃOENCOSTEEMNADAMEUFILHOTATUDOIMUNDO, faz xixi de pé ainda falando ao telefone sobre as escolhas da Dilma para o Ministério, sai do banheiro empurrando mala filho urso mochila casaco, desce para a plataforma, preenche a passagem de pé, entra no ônibus e pensa: Sou a Poderosa Ísis. Droga, esqueci de comprar água.

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

A Separada Amiga

Hoje almoçarei com o meu santo ex-marido, pois não nos veremos até o início do ano que vem. Prevejo que, como sempre, será um encontro afetuoso, alegre, repleto de histórias da vida de um e de outro. Sim, sou uma sortuda por fazer parte dessa raríssima categoria das separadas:

A Separada Amiga não conseguiu verdadeiramente livrar-se do marido. Eles continuam a falar-se por telefone, trocar emails ou sair para almoçar aos domingos. Como o círculo de amigos não se dividiu, eles ainda freqüentam as mesmas festas e raramente passam muito tempo distantes dos olhos do outro. Os separados amigos são vistos como exemplos civilizatórios a serem seguidos por todos os que os cercam. Freqüentemente frutos de uma dissolução consensual que passou por DRs racionais e ponderadas, os separados amigos sabem por que se separaram, conservam o afeto pelo ex-parceiro e acham impensável cortar os laços com alguém que ocupou papel tão importante em suas vidas.

Tão logo o separado arranje nova eleita, a Separada Amiga fará uma análise da moça despida de qualquer sentimento possessivo e incentivará como puder a nova relação. Afinal, o que importa é a felicidade do ex-parceiro.

Acreditem, belas: Isso não é nenhum conto da carochinha. A amizade pós-casamento é possível, saudável e desejável!

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Autoestima invejável



Gata, larga desse traste!

Só Glamúr

Queridas amigas, queridas leitoras.

Quando dá um branco de assunto, sempre vou espionar o blógui de nossa querida Katylene, que é uma pessoa muito informada.

Qual não foi meu deleite ao descobrir esta magnífica postagem:

http://katylene.mtv.uol.com.br/2010/12/14/veeceeo-do-dya

Clicaram lá pra ouvir as baladas ? Gostaram da surpresa ? Suzi não pára de nos dar exemplos de superação, mostrando que a vida pode ser cheia de brilho para uma Separada Madura.

E como tenho espírito investigativo aguçado, conquistado à base de inúmeras leituras de romance policial, descobri EM PRIMEIRA MÃO o estúdio responsável por esse sucesso.:

http://www.studiomel.com/120.html

Agora que você já sabe o caminho das pedras, basta escolher o repertório que mais combina com seu estilo e começar a ensaiar. Lembre-se do ensinamento de Suzi: a velhice nunca chega para uma estrela.

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Diferenças

Recebi este vídeo do meu adorável ex-marido. É longo, mas achei por bem compartilhar.

domingo, 12 de dezembro de 2010

A separada e o lar

Você alugou uma casinha simpática num bairro charmoso. É claro que ela é meio velha, porque se fosse nova você não teria como pagar. Chega a época das chuvas fortes, e uma bela noite você está deitada na cama quando começa um dilúvio. O barulho está forte demais, então você levanta e atravessa o corredor. Perplexa, vê que chove a cântaros dentro da cozinha. A voz da antiga inquilina soa distante na sua cabeça: "só não esqueça de limpar a calha!". Você pega um rodo e começa a batalha contra a inundação. Está ficando ensopada, e começa a rir descontroladamente. Apela pra reza braba, e continua empurrando a água para o quintal. Nessa hora, você chega a lamentar não ter um homem com mais de 1m10 dentro de casa. Uns 20 minutos depois, que parecem ter sido duas horas, a chuva diminui. Você venceu: os móveis não estão boiando na enxurrada. A sensação de poder te domina, afinal uma Separada pode tudo, até mesmo enfrentar sozinha os elementos da natureza. Você toma um banho, vem escrever no blog, está feliz, mas A CHUVA AUMENTA DE NOVO. VOCÊ FICA TEMÇA. CADA VEZ MAIS TEMÇA. Pensa que não poderá dormir, pensa pra quem vai ligar amanhã, alguém que possa limpar a maldita calha. MEU DEUS, E SE NÃO FOR SÓ A CALHA ? E SE EU PRECISAR TROCAR TODO O TELHADO ?? E SE TIVER UM CURTO CIRCUITO ??? POR QUE FOI MESMO QUE EU ME SEPAREI ???????? 

sábado, 11 de dezembro de 2010

O ex-marido otário

Queridas amigas S,

nesta chuvosa noite de sábado, convido-as mais uma vez à mesa de dissecação. Debrucemo-nos com nossos bisturis em punho sobre um espécime do EMO (ex-marido otário), cuja sigla não por acaso coincide com a da tribo dos adolescentes chorosos e frágeis.

Numa análise mais superficial, o EMO poderia ser entendido como a versão masculina da Separada Trouxa. Mas assim que começamos a atravessar o tecido epitelial, percebemos as sutilezas que os diferenciam. O sangue de barata do EMO não é característico da Separada Trouxa, já que muito dificilmente uma Separada de qualquer categoria tem sangue de barata. O EMO, ao contrário, era otário desde a infância. Dava seu lanche pra primeira bonitinha que o tratasse com alguma simpatia, e assistia quando ela se mandava devorando o sanduiche e rindo com as amiguinhas.

Não precisamos nem dizer que as piriguetes têm uma especial predileção por esta categoria. Não nos cabe aqui especular se o EMO tem ou não consciência de sua condição, e nem se sofre com isso. Ele nasceu para ser abusado pelas mulheres, para lhes satisfazer os caprichos mais inadmissíveis. E é justamente por isso que ele nunca escolhe uma mulher boazinha, mas sim uma chantagista dominadora que potencialize sua esplendorosa natureza de inseto.

Quando traido, o EMO faz de tudo para não perceber. Se a mulher esfrega-lhe a traição na cara, ele perdoa. Se a traição se repete, ele perdoa novamente e atribui o fato a sua provável disfunção erétil. O EMO é profundamente infeliz se não tiver dinheiro, pois comprar presentes caros para sua mulher é sua principal realização. Se a mulher for bonita, ele se sente agradecido por poder desfilar com ela na festa anual da firma. Se o dinheiro acabar, ele chora escondido no chuveiro, e permanece calado quando sua mulher vocifera que aquilo não é vida.

Depois da separação, o EMO passa alguns anos morando em um barraco para pagar as dívidas que contraiu durante o casamento. Se a mulher quiser voltar, ele vem correndo. Se ela desistir mais uma vez, ele compreende. Se ela se casar com outro, ele deseja boa sorte. Se o outro a maltratar, ele a consola.

A pior condenação para um EMO é a liberdade da separação.

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Ho Ho Ho

Eu sei que é pecado. E sei que o vídeo é velho. Mas vocês sabem que eu amo o Natal ...

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Você encontrará o homem dos seus sonhos - parte 3/3

Para finalizar este estudo antropológico, analisaremos o triângulo:
separada abandonada - homem em crise - piriguete nível 5.

Mas, antes que todas comecem a atirar pedras no homem em crise, aquele que causou o infortúnio da colega Separada Abandonada, eu tenho que lhes confessar algo: eu já fui esse homem.

Metaforicamente, claro.

Mas, sim, já fui a parte insatisfeita do casal, a parte que precisava de EMOÇÃO e NOVIDADE (ah, esqueci de avisar que este post também terá muitos spoilers e capislóques. Désolée.) Na verdade, vocês podem notar nos meus posts sobre meu ex-marido (tag: categorias dos ex-maridos/ post: o romantismo e o meu ex-marido) que ele não me dava muito espaço para SONHAR.

Ahã. Essa sou eu. Eu poderia ser mais ridícula? Não, dificilmente. Mas consigo facilmente entrar na cabeça do personagem em crise (pensem em Quero ser John Malkovich) e relatar o que ele pensa. Segue:

Um belo dia ele se olha no espelho e se sente velho. Olha para a mulher, que é uma VELHA e NÃO DÁ A MÍNIMA para isso, e pensa que não há futuro possível com pessoa tão diferente dele. Afinal, a idade ESTÁ NA SUA CABEÇA, e seu corpo apenas segue o que você sente. Ele precisa mudar o rumo de sua vida. Ele precisa REJUVENESCER.

Se o filme fosse a vida real, ele teria primeiro encontrado a piriguete nível 5 e depois largado a mulher. Mas, na obra de ficção, ele chuta a mulher realista e encontra a sua fonte da juventude depois.

Como já explanei em post recente, a piriguete é aquilo que todo homem quer. Os mais novos ainda se sentem embaraçados por tal desejo, mas o senhor em crise resolveu encarar a verdade de frente e casou-se com a primeira vadia profissional que ele pôde encontrar.

(Eu, aqui, continuo firme e forte com o meu macho pirigótico brutoquintessencial, que é a versão-espelho da fêmea hétero para a piriguete.)

No filme, o homem em crise se dá mal, pois descobre que a moçoila não dança o créu só com ele. Mas quem disse que ele está pior do que antes? Pesando os prós e os contras, acho que ele nem se deu tão mal assim. Mas sabe quem se deu bem mesmo?

A Separada Abandonada.

Sim, companheiras, Woody preparou para ela um lindo final felizpatético, e se eu já estraguei o filme inteiro para quem não o viu, isso eu não estragarei. Assistam, reflitam e aprendam.

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Você encontrará o homem dos seus sonhos - parte 2/3

Falemos sobre o triângulo: promissor fiancé - linda jovem - artista incompreendido.

(Warning: este é um post cheio de spoilers e cheio de capislóques. Beware.)

Ele é um artista incompreendido. Foi um dia um escritor promissor, mas seus último livros receberam críticas mornas e venderam mal. Sua mulher cobra-lhe diariamente a sua parte nas contas da casa. Quem essa MEGERA pensa que é? Desde quando um artista como ele pode se rebaixar a fazer um outro ofício que não a sua ARTE?

Como ele não pode simplesmente largá-la, pois não tem dinheiro para alugar nem um quarto sujo num beco qualquer, ele se contenta em admirar a sua vizinha e dar-lhe demonstrações da sua pequena erudição.

A vizinha, coitada, mal sabe que está prestes a fazer A PIOR ESCOLHA DE SUA VIDA.

Pois esta pobre criatura, comprometida com seu promissor fiancé, um homem de bem, de boa família, bem-educado, altruísta e provavelmente boring as hell, irá trocá-lo pela promessa de viver a sua vida ao lado de um escritor brilhante e profundo.

Quá. Quá. Quá.

Pois mulher ainda acredita ser apenas um acaso as palavras "artista" e "autista" diferirem só por uma letra. E, no caso desta pobre desafortunada, nem brilhante o homem é. Então, senhoras e senhores, afirmo-lhes que, durante o filme, consegui entrever com a minha visão além do alcance o que espera a linda jovem. Thundercats, hoo:

Ela já percebeu que de brilhante ele não tem nada. Ele é preguiçoso, vive dando desculpas para não terminar sua última obra, está sempre em uma angústia muito mais importante do que qualquer drama real que ela possa ter. Ela, que antes o achava um tipo charmoso, agora percebe que seu ex era muito mais asseado e tinha um corpinho em cima, além de ser um homem honesto, trabalhador e generoso. O atual, por outro lado, começa a perceber o olhar crítico da mulher e é OBRIGADO a se refugiar no olhar admirado de uma outra vizinha, aquela besta que - sim! - o acha charmoso e brilhante.

Um belo dia, ela encontrará, por acaso, o ex com sua nova mulher. Eles lhe contarão de sua bela vida, de sua viagem romântica para conhecer os bisavós da noiva no Butão, de como ele é o homem que ela, a noiva, sempre sonhou. Eles terão um lindo filho ou filha, e ele/ela será muito educado/a e dará uma flor de presente à idiota que deixou esse homem tão bom escapar. Ela terá uma crise de choro e voltará pra casa com vontade de pôr fim à sua vida. E colocará suas coisas em uma mala, chamará um táxi e se tornará uma Separada.

The End.

Você encontrará o homem dos seus sonhos- parte 1/3

Pois bem, eu e S1 fomos ao cinema ver o novo do Woody Allen. Preparava-me para uma hora e meia de sorrisos internos e um leve enfado (sou daquelas que já se cansou um pouco do novaiorquino neurótico), mas qual foi a minha surpresa ao perceber que o filme daria matéria para o blog. Ah, os personagens! Temos na história:

1 - A separada abandonada
2 - O homem com a crise dos 2/3 de idade
3 - A mulher em crise no casamento
4 - O artista incompreendido/falido/narcisista
5 - O casado infiel - dois, na verdade
6 - A linda jovem e seu promissor fiancé
7 - A piriguete nível 5 (pense nas velocidades do créu).


A separada abandonada (tag: Categorias da Separada) e o Casado Infiel (tag: O Casado Infiel) nós já conhecemos há muito. Acabamos de falar sobre as piriguetes (ver post abaixo), e este blog é feito por quatro mulheres que já estiveram em crise em seus casamentos. Gostaria, então, de me ater aos triângulos:

promissor fiancé - linda jovem - artista incompreendido
e
separada abandonada - homem em crise - piriguete nível 5

(continua)

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

O Piriguetismo e a Separada - 2

Permita discordar um pouco, adorável S3 (que saudável essa coisa do debate, não ?).

O marido não deseja necessariamente que a esposa seja uma piriguete. Porque, se ela o fosse, não seria mais esposa. Podemos fechar os olhos para esta dualidade clássica do macho ? Existe uma mulher para casar e outra para satisfazer os desejos mais primários. E esta costuma ser a piriguete. Não quer dizer que o marido não goste de fazer sexo com a mulher. Ele gosta. Mas é diferente, porque a piriguete não é RESPEITADA. E isso dá ao macho uma certa sensação de liberdade, não é mesmo ?

A piriguete ocasional também tem outra característica que aguça muito o apetite do marido alheio: ela finge. Domina a arte de fingir com maestria. E assim, faz com que qualquer homem se sinta MUITO MAXO.

O enigma a resolver é, portanto: como funciona a cabeça dos homens que se casam com as piriguetes ?

O Piriguetismo e a Separada

A separada, não sendo uma solteira qualquer, costuma aparentar menos piriguetismo do que a companheira que nunca casou. Isso se deve ao fato de que, por anos, ela acreditou que suas outras qualidades eram as causas do seu (até então) bem-sucedido casamento: sua inteligência, senso de humor, dotes culinários, beleza selvagem, coragem e independência eram o que faziam o falecido marido desejá-la como esposa. A-há! Aí se encontra a arapuca.

Na verdade, essas qualidades eram mais do que desejáveis. Mas o real desejo do seu marido, aquele que ele escondia em um armário mais profundo do que o do Tom Cruise; aquele que ele sequer sussurrava para ele próprio, mesmo quando completamente só e no escuro; aquele que só lhe vinha em sonhos cifrados, cheios de símbolos psicanalíticos, era nada mais, nada menos do que isso: Ele queria que você fosse uma pi-ri-gue-te.

Sim, ele queria. Queria, sim. QUERIA.

Mas nunca teria a coragem de admitir.

Nós, que conhecemos a vida Antes-Durante-Depois do casamento, temos o dever de alertar as nossas Amigas Casadas: mesmo sendo a Lou-Andreas Salomé, a Angelina Jolie, a Frida Kahlo ou a Michelle Obama, você sempre correrá o risco de ser chifrada com um animal desta abundante espécie:











Que a Força esteja com vocês,

S3.

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Sessão tortura em cinco passos

Essa é para as Separadas Arrependidas:
1 - Escolham uma das versões do filme "O despertar de uma paixão" (com Greta Garbo ou Naomi Watts, o que for mais o seu estilo);
2 - Aconcheguem-se ao lado do álcool de sua preferência;
3 - Deixem um contêiner de coisas açucaradas à mão;
4 - Enrolem-se em um cobertor felpudo, mesmo a 30 graus (ele também servirá de lenço de papel), e...
5 - Chorem, chorem copiosamente o leite derramado.

Mas antes, curtam a lama e o SPOILER deste vídeo:

Il y a longtemps que je t'aime, jamais je ne t'oublierai...